14 de março de 2021

Toda tristeza é um filho

Um olhar triste nunca me afastou de ninguém. Impulsionado por uma sensibilidade que incansavelmente sussurrava no meu ouvido, sempre me aproximei dos que contavam histórias pelos olhares. Todos têm uma história para contar, uma canção que têm vergonha de se identificar ou um choro que esconderam no banheiro. Por maior que seja o embarque do sofrimento, nunca deveriam ter medo de contá-las ou ouví-las, pois, não importa quem tenha sido o vilão ou o mocinho, as histórias são o que são.

As tristezas acontecem, porém, nós as vestimos de formas diferentes. Toda tristeza pode ser uma armadura impenetrável ou uma veste bonita, um muro alto ou uma ponte florida. Elas surgem, pingam em nossas mãos e cabe a nós definir o que faremos com elas. São partes nossas, mas que não podem ditar o nosso olhar sob a vida, até porque carregar tristezas consigo não faz de ninguém uma pessoa triste.

Se existem marcas na pele, por que também não haveriam marcas na alma? Se separamos tempo para celebrar as alegrias, precisamos também separar tempo para chorar. Se fugimos das lágrimas, também fugimos dos aprendizados. E um sofrimento nunca pode ser um aprendizado em vão.

Precisamos ter algo que chora dentro de nós. Uma parte disforme que também precisa sair, respirar, nadar em si. Se você deixa as suas alegrias passearem ao sol, desfilarem frente aos desconhecidos, onde as tuas tristezas se encontram? Não é porque você não as considera tão belas que não precisem do mesmo olhar admirado que você tem das alegrias. Focar no porquê da tristeza ou julgá-la como indesejável é não aceitá-la como ela é. E toda tristeza é um filho que devemos amar, seja como ele for.

7 de março de 2021

Te olhar me acalma

Anos atrás, uma mulher, pela qual eu era completamente apaixonado, para não dizer enfeitiçado, me perguntou por que, em vários momentos, alguns deles estranhos e sem grandes explicações, eu a observava tanto, sempre com um olhar contemplativo e admirado. E, com o sorriso mais honesto que eu pude externar naquele momento, respondi: “Pois te olhar me acalma”.

Você já olhou para alguém e sentiu que o prazer de estar perto daquela pessoa não era exatamente a paixão ou a vontade de beijá-la loucamente em qualquer esquina, mas sim a sensação de paz que ela te transmitia? Como se tudo fosse possível e sereno com aquela pessoa, pois para todas as divergências havia conversas, para todos os medos havia uma mão firme, para todas as oscilações confusas havia abraços cheios de silêncio e amor.

Com ela eu sentia que podia dividir todos os meus anseios e que receberia de volta compreensão e carinho. Me sentia com poderes nunca antes imaginados, como se todos os meus defeitos e dúvidas fossem meros detalhes, e não problemas que eu insistia em sublinhar. Eu a olhava como se estivesse diante de um lindo pôr do sol, de uma enorme queda-d’água cujo barulho alivia os pensamentos, de um campo cheio de girassóis se agitando ao vento.

Ela me ensinou, mesmo sem dizer uma palavra, que se relacionar com uma pessoa que nos incendeia com discussões e inseguranças diárias, além de cansar, nos furta o brilho, o amor perene e a paciência. Por mais febril que o amor contido nessa relação seja, por mais que ele tenha se iniciado de uma maneira única e linda.

Depois de aprender com ela quão intenso – por mais que muitos achem que a calmaria e a intensidade são ideias antagônicas – e engrandecedor um amor calmo pode ser, deixei de desejar ser a grande paixão de alguém; estou preferindo ser a serenidade, o porto seguro, o trilhar suave, o navegar em dia de sol, o toque que transcende a pele e os padrões. Amar com calma é tão mais gostoso, tão mais saudável... E muitas vezes querer, insistentemente, ser o grande amor da vida de alguém, carrega consigo muito mais vestígios de ego do que propriamente de amor.

Assim a amei por anos, sempre fazendo-a recordar que ela fora a minha paz, mesmo quando ela brincava de sumir... mas tudo bem, olhar para ela me acalmava tanto...

1 de março de 2021

Por que a Inteligência Emocional é mais necessária do que nunca

Nos fim dos anos 1990, o jornalista Daniel Goleman popularizou o conceito da inteligência emocional, definida pelos psicólogos Peter Salovey e John D. Mayer como “a capacidade de perceber e expressar emoções, assimilás-la ao pensamento, compreender e raciocinar com elas, e saber regulá-las em si próprio e nos outros”. Goleman define o conceito como a união de cinco habilidades:

  1. Autoconhecimento: ter uma percepção aguçada das próprias emoções e sentimentos e do impacto que eles têm em você e nos outros;
  2. Autorregulação: saber administrar com os sentimentos de acordo à situação (ao invés de ser regido por eles);
  3. Competência social: cultivar bons relacionamentos;
  4. Empatia: reconhecer e levar em consideração as emoções e os sentimentos dos outros;
  5. Motivação: conectar-se com a motivação intrínseca.

Cinco anos atrás, o Fórum Ecônomico Mundial listou a inteligência emocional como uma das habilidades essenciais para 2020, em sexto lugar. Hoje, há um ano vivendo numa realidade de isolamento social, incertezas e falta de controle, eu diria que a inteligência emocional deveria estar entre as três mais importantes habilidades.

Sem autoconhecimento e autorregulação das nossas emoções, viramos presas fáceis da polarização e julgamentos que tornam a vida em sociedade cada dia mais pesada e desagradável.

Quem viu o documentário O dilema das redes (Netflix) sabe que os algoritmos nos conhecem tão bem que nos manipulam, despertando emoções fortes como raiva e repulsa, que por sua vez nos atrapalha a ter empatia e cultivar bons relacionamentos. Sem isso, ficamos isolados – sozinhos mesmo, ou restritos a uma tribo que pode, a qualquer momento, por qualquer deslize, nos “cancelar”. E, por fim, sem uma conexão com nossa motivação intrínseca, sem próposito, a vida perde a cor, a preguiça e a inação vencem.

Por isso, é mais importante do que nunca sair do carrossel de hábitos e atitudes que nos deixam emocionalmente anestesiados e, francamente, desconectados de nós mesmos e dos outros. 

Aqui vão três ideias para começar:

1. Conheça-se de verdade: na terapia, através da escrita, sendo radicalmente honesto e corajoso com si mesmo.

2. Escute mais, fale menos: aprenda a ficar confortável no silêncio, não interrompa o outro, demonstre mais curiosidade e menos julgamento.

3. Pause antes de agir: antes de retrucar ou reagir a algo, faça uma pausa. Pergunte-se: “o que está motivando minha atitude? Vai ajudar ou atrapalhar?”

Você concorda comigo que é urgente desenvolvermos e valorizarmos a Inteligência Emocional? Quais outras estratégias você sugere como ponto de partida?

28 de fevereiro de 2021

Há uma falta que carrego comigo

Há uma falta que carrego comigo. Uma falta que, quando não sei o que responder, digo ser dos amores que me magoaram, dos toques que constantemente me faltam, das ocupações que abraço como minhas para me sentir importante, ou do azar que sorrateiramente julgo estar pousando no meu quintal. Mesmo sem ter um quintal para chamar de meu.

Há uma falta em mim que preencho com prazeres momentâneos. Quando invento a fome, ansiando o passar do tempo, quando uso as redes sociais acreditando que estou me divertindo, quando assisto a filmes e séries que pouco a pouco me afundam no sofá, em um tédio eterno. Prazeres pontuais, que giram o ponteiro do relógio até a hora de dormir, mas nunca sustentam a felicidade do amanhã.

Há uma falta que escondo nas incessantes horas de trabalho, nas ideias que nunca sei se realmente são boas ou não, nas amizades que já deixaram de ser amizades há anos, nas janelas que pela manhã esqueço de abrir para o ar circular, nas cobranças e metas que crio antes de dormir, nas mensagens que ficaram sem respostas, nas palavras carinhosas que desejei ouvir da minha família.

Há uma falta que já fez o bem-estar dos outros me doer, que me fez ir embora de lugares porque quis chamar atenção e não funcionou, que me fez discutir sobre assuntos sobre os quais nem tenho conhecimento, mas fingi que tinha, que me fez relacionar com pessoas com energias que não ensamblam com a minha, mas forcei o encaixe, mesmo sabendo que, ao final da história, quem morreria seria eu.

Perdido entre boas e más recordações procurei em mim o espaço preenchido pela falta. Já o achei várias vezes, mas nunca aprendi a abraçar verdadeiramente um espaço que falta. Se ele falta, como se abraça? Abraçamos o vazio? Ou abraçamos a nós mesmos?

Atar a ponta da falta e da nossa necessidade de preenchê-la é uma fantasia que gostamos de alimentar. A gente tenta preencher a falta para ocupar o tempo que teríamos que abraçar nós mesmos. E nunca é fácil ter que se abraçar, ainda mais quando sempre há uma parte que falta.

14 de fevereiro de 2021

Em busca de um amor brisa

Já tive amores loucos. Efêmeros. Daqueles que até a chuva abençoou. Na verdade, nem sei se todos foram tão amores... Será que posso chamar de amor os amores que nem foram tão amores assim? Na verdade, sempre que possível, confundo paixões com amores, mesmo tendo ciência total da definição de cada um. É que existem paixões que se manifestam de maneira tão grande dentro de mim, que não haveria possibilidades terrestres ou oceânicas de elas não serem amores.

Já fui ansiedade no amor, na vida, nos sonhos. Sempre quis viver todas as aventuras possíveis! Achei, burramente, que teria que viver em ritmo frenético tudo o que pudesse, até a juventude se esvair. Caso contrário, não teria feito jus à vida que tive. Ah, como a maturidade é gostosa! Ah, como a maturidade faz o simples ser um eterno verão! Ah, como a maturidade é uma linda amizade de anos com alguém que você confia.

Mas o tempo passa, a gente aquieta o coração e observa como existem alguns prazeres que somente a calmaria pode nos proporcionar. Um café no sítio, um beijo na estrada com os vidros abertos, um filme na sexta à noite, e por que não no sábado também? Os amigos dirão que você é velho e que, daqui a pouco, seus joelhos não aguentarão mais sair de casa, mas deixe que os amigos falem, deixe que eles tenham carinho ou inveja, saudade ou preguiça de convidar você. A calmaria de um amor é assim: gera desconforto a quem não tem.

Eu não posso me furtar do quão genuíno é o que vivo. Hoje, procuro tranquilidade, tanto no trabalho quanto no amor. Na verdade, procuro um amor repleto de coisas simples; elas são o segredo da vida. Não espero muito mais que compreensão no olhar, e sorrisos de ombros leves. Quero serenar na praia, no campo, no jardim de uma casa que ainda não tenho, mas já imagino como será. É louco, eu sei, mas sempre tive essa utopia de imaginar minha futura casa. Mesmo sendo um sonho, dito por vários, “feminino”, confesso que fico imaginando os detalhes, os abajures, o jardim, os cachorros, e, por incrível que pareça, até gostaria de ter uma horta. Talvez eu seja caseiro, ou estranho demais, vai saber...

Então, não desejo aviões, sejam eles mulheres ou obras da engenharia. Só alguém que olhe devagar para mim. Gosto de paixões assim, simples por serem o que são. Esse é o segredo da intimidade: ser leve para amar, mas, principalmente, leve para saber se deixar ser amado. Pois, com certeza, das coisas que podem ser simples, eu escolho o amor.

7 de fevereiro de 2021

É dor ou tristeza?

Eu tenho comigo muitas tristezas, que um dia já foram dores. Essas tristezas têm suas razões e seus responsáveis – na maioria das vezes, eu mesmo. Grande parte delas se refere a situações em que tive de dizer adeus sem estar preparado. E há como se preparar para o adeus? Honestamente, eu acho que não; ensaiar o adeus me parece impossível e desnecessário, porque a cada vez é uma nova plateia, uma nova cena, e – ainda bem! – não há tempo de decorar as falas do nosso personagem (até porque seria ridículo termos frases prontas para um momento que tanto pede sensibilidade).

Bem, como eu disse, o que era dor hoje é somente tristeza. Qual é a diferença entre elas? Para mim, a dor é o primeiro impacto que se instala em razão de um trauma. A dor lateja, grita, pede socorro, produz um desespero difícil de carregar. Alguns desses traumas são maiores, outros são menores, mas todos são significativos. Cada pessoa recebe o golpe de uma forma, e não se pode relativizar a dor de ninguém. Tentar mensurar a dor alheia, como se houvesse uma régua dos sentimentos, é de uma ignorância sem fim. É preciso sempre respeitar a singularidade de quem é tirado pela dor para dançar.

Já a tristeza é o sentimento que vem após a dor; depois de o torpor ter abandonado o seu corpo e aberto espaço para a reflexão. A tristeza é a conversa, a calmaria melancólica após a turbulência, é a aceitação daquilo que passou. Você está triste, sabe disso, mas não está em desespero.

Se pudéssemos dar forma humana para a dor e a tristeza, a primeira seria uma criança abrindo o berreiro em busca de atenção, já a segunda, um senhor sentado na poltrona de sua casa conversando sobre a vida e dando conselhos importantes com base em suas experiências.

Tanto a dor quanto a tristeza têm sua importância, e não devemos fugir delas. De fato, devemos dar-lhes a devida atenção. Com o tempo, a dor vira uma tristeza que nos habitará para sempre. E quando, de repente, essa tristeza surgir, querendo ganhar força, doe um pouco do seu tempo, converse com ela, pergunte o que quer e o que você pode fazer para ajudá-la a ficar em paz; ela, como nós, é carente e precisa de longas conversas para se sentir bem. E, com o tempo, vocês se tornarão amigos, já que ela sempre será uma companheira fiel. Principalmente nos dias de chuva e companhia rara.

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31 de janeiro de 2021

Amo por necessidade de ser intenso

Eu sou daquelas pessoas que amam com intensidade. Na verdade, sou daquelas pessoas que falam, torcem, riem, pulam, choram e, algumas vezes, bebem cerveja, ou, em casos mais extremos, doses de gin, com toda a intensidade do mundo. A sensação permanente de que o mundo poderia acabar amanhã nasceu comigo, faz parte de mim, e, honestamente, espero nunca ter que contar quantas vezes já ouvi a frase: “Calma, o mundo não vai acabar amanhã”. Eu tento controlar essa sensação, mas muitas vezes é ela quem me possui, ela é cheia de vontades próprias. Nunca consegui viver com moderação, talvez por isso fale tanto que a vida é uma eterna busca pelo meio-termo, para ver se aprendo.

Se há uma área da vida em que transbordo intensidade, é, sem dúvida, no amor. O pior é que eu sou fascinado por essa sensação de pré-morte que sinto ao amar. E, pasmem, nunca morri! Na verdade, eu não amo ou gosto de alguém apenas, eu mergulho nas profundezas do amor, me perco nas alturas e – preciso admitir – já até desenhei corações no vidro embaçado do carro.

Quando por alguma eventualidade o amor acaba, sofro, canto músicas tristes a plenos pulmões, sento no chuveiro e deixo os pingos d’água desenharem a saudade no meu corpo e fico pensando onde foi que nos perdemos. Carrego comigo todo o drama do mundo e, felizmente, sei sofrer com muita autenticidade.

Lembro-me muito bem do meu primeiro amor, principalmente da intensidade que depositei naquela relação. Era a primeira pessoa pela qual eu havia sentido algo diferente, singular, único. Éramos dois jovens vivendo uma entrega desmedida, uma experiência, para ambos, de primeira viagem. E o primeiro amor é sempre um cristalino tubo de ensaio. Protegidos atrás da nossa ingenuidade, rimos de muitas bobagens, nos beijamos em lugares que os adultos diziam ser proibido, nos descobrimos como homem e mulher, sexual e emocionalmente falando, e nos amamos de forma genuína. Por outro lado, por causa da nossa inocência, cometemos alguns desacertos com nós mesmos, mas somente anos depois percebemos que não erramos por falta de amor, mas sim por não termos amado antes. E eu nunca abriria mão dessa experiência, mesmo sabendo quanto eu sofreria depois.

Às vezes, o amor surge como uma possibilidade em mil, e eu nunca o deixaria passar, por mais breve ou incompreensível que ele pareça ser. Não importa quanto ele dure – um mês, um ano ou a eternidade –, eu nunca ousaria perder o frio na barriga pelo receio do possível apertar do coração. O tempo galga, e eu ainda não sei o que fazer com toda essa intensidade que carrego comigo. Sei que ela pode me matar ou me fazer sofrer profundamente, mas nunca, nunca me fará desacreditar no amor.

25 de janeiro de 2021

Como escrever pode transformar sua vida

Não nasci escritor. Comecei a escrever dez anos atrás, como uma maneira de aliviar os sentimentos que tomavam conta de mim. Recentemente, me dei conta de como escrever mudou a minha vida. Não apenas me deu uma carreira, um propósito e uma fonte de renda, como me colocou em contato profundo comigo mesmo, e isso foi essencial para o meu crescimento. 

Pesquisando sobre os benefícios da escrita, descobri o quanto escrever pode nos transformar, mesmo que o objetivo não seja tornar-se escritor. Veja abaixo 5 benefícios da escrita capazes de transformar sua carreira.

1. Ajuda a pensar

Escrever organiza nossos pensamentos. Quando criamos um texto, juntamos ideias, criando conexões e argumentos. Usamos nosso pensamento lógico, somos instigados a preencher lacunas pesquisando e buscando dados, o que engaja ainda mais o nosso cérebro. 

2. Desperta a criatividade

O ato de escrever ativa muitas regiões do nosso cérebro. Essa atividade é o que cria novas conexões. E o que é a criativdade senão novas formas de conectar a mesma informação? Na escrita – especialmente uma escrita mais solta, menos técnica – somos convidados a fazer perguntas, buscar imagens, resgatar conceitos e soluções de todo nosso repertório de vida. Dessa exploração “sem fins lucrativos” podem surgir ideias e soluções muito valiosas.

3. Fortalece seus argumentos

Quando nos preparamos para uma conversa difícil ou uma negociação, escrever nossos argumentos antes nos ajuda a entrar na cabeça do outro, nosso interlocutor. Escrevendo e depois lendo nossos pontos, podemos nos aproximar do que o outro vai pensar, argumentar, retrucar. Assim, podemos revisar e fortalecer nossos argumentos. Escrever traz o distanciamento necessário para melhorar.

4. Aumenta a inteligência emocional

Explorar nossas emoções e reações pelo meio seguro da escrita, passamos a conhecer intimamente nosso território emocional. Ficamos mais espertos com nossos gatilhos, nossas sombras, nossas tendências. Escrever também amplia nossa empatia, de forma que passamos a “ler” melhor o outro também. Assim, ficamos menos reféns das nossas emoções – e das emoções alheias.

5. Ilumina o nosso propósito

No livro Comece pelo porquê, Simon Sinek explica que o sucesso de muitas empresas se deve a um claro senso de propósito. Escrever – ou, especificamente, o autoconhecimento gerado pela escrita – é uma das formas mais poderosas de nos conectar com nossa essência, nossas motivações intrínsecas e, por consequência, nosso propósito.

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21 de janeiro de 2021

Conversando com o meu coração sobre o medo de amar

Sou amor medroso ou solidão consciente? Pouco me arrisco, mas ainda continuo riscando nomes. Lembro-me da saudade de amar, converso com o meu coração e me pergunto, em silêncio, como será daqui pra frente. Digo a ele, com esperança, que espero um dia conseguir me abrir e tirar de dentro o fantasma vestido de orgulho que me habita. Sei que a maturidade nos dá o caminho, mas os receios e os traumas nos deixam mudos diante de um novo amor.

Espero um dia voltar a ser calmaria e afeto. Espero também que o mundo possa me compreender quando meu sorriso for pequeno. Espero que a dor não seja mais ressaca das minhas emoções. Espero que os meus ombros se tornem leves quando deitar for necessidade. Espero até demais... Não queria esperar tanto. Muitas expectativas transformam “amar” em um verbo inconjugável. Que o amor venha e transforme a dor em brisa de outono nesse coração que, mesmo não admitindo, tanto anseia pelo verão. Mas que venha de mansinho, de surpresa. E, diferentemente das comédias românticas, nos surpreenda no final. Nos faça calar a boca e, por mais antagônico que seja, gritar aos quatro ventos como o desamor é burrice.

10 de janeiro de 2021

Sua solidão é parecida com a minha?

Não é porque, em muitos momentos da minha vida, me deparo sozinho fisicamente que me sinto uma pessoa solitária. Na verdade, tenho mais amigos do que julgo merecer, pois não consigo desfrutar deles como gostaria. A verdade é que eu gosto e preciso de momentos a sós. E não me sinto solitário por conta disso.

Sentir-se solitário não é sobre ter poucas ou muitas pessoas ao seu lado. Há pessoas rodeadas de gente – família, amigos, colegas – que se sentem internamente solitárias. Na verdade, sentir-se solitário não é sobre “ser” ou “estar” solitário, mas sobre o sentimento interno de isolamento. Não há uma regra para definir se alguma pessoa é de fato solitária ou não, mas, sim, se ela se sente solitária ou não. Há pessoas que estão sozinhas em busca de si, que passam grande parte do dia sem nenhuma companhia, e não carregam consigo essa sensação de estar solitário. Ao contrário, se sentem abraçadas pelo mundo e pelas experiências; elas se sentem preenchidas pela conexão que têm consigo mesmo.

A meu ver, a sensação de sentir-se solitário neste mundo tem muito mais a ver com a conexão que conseguimos ter com nós mesmos do que com a quantidade de pessoas que estão perto de nós. Estar rodeado de pessoas que não respeitam e não entendem as inclinações do que desejamos ou sonhamos nos gera uma constante sensação de estar solitário. O que adianta estar rodeado de pessoas que não conseguem observar o que há por dentro do que somos, da persona que criamos para nos proteger?

Gostar da própria companhia e fazer dela um encontro bonito consigo não significa escassez em encontro com outras pessoas, somente um equilíbrio entre a necessidade de encontro e a necessidade de recolhimento. Já ouvi diversas vezes que a solidão pode parecer fuga ou que poderia soar como um movimento arrogante, como se ninguém merecesse desfrutar da sua companhia. Não sinto desta forma. Ficar a sós com meus pensamentos – volta e meia turbulentos e catárticos, volta e meia mansos e tediosos – me traz uma paz que poucas vezes sinto fora do ninho em que recarrego minhas energias. Preencher o espaço físico é diferente de preencher a alma; e nem sempre o abraço de quem nos ama genuinamente nos compreende e nos aceita.

Está com dificuldade de seguir em frente depois de uma relação que havia muito sentimento?

Quer dar a volta por cima e resgatar o seu bem-estar emocional?

Fred Elboni 2022 — Todos os direitos reservados

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