Nos fim dos anos 1990, o jornalista Daniel Goleman popularizou o conceito da inteligência emocional, definida pelos psicólogos Peter Salovey e John D. Mayer como “a capacidade de perceber e expressar emoções, assimilás-la ao pensamento, compreender e raciocinar com elas, e saber regulá-las em si próprio e nos outros”. Goleman define o conceito como a união de cinco habilidades:

  1. Autoconhecimento: ter uma percepção aguçada das próprias emoções e sentimentos e do impacto que eles têm em você e nos outros;
  2. Autorregulação: saber administrar com os sentimentos de acordo à situação (ao invés de ser regido por eles);
  3. Competência social: cultivar bons relacionamentos;
  4. Empatia: reconhecer e levar em consideração as emoções e os sentimentos dos outros;
  5. Motivação: conectar-se com a motivação intrínseca.

Cinco anos atrás, o Fórum Ecônomico Mundial listou a inteligência emocional como uma das habilidades essenciais para 2020, em sexto lugar. Hoje, há um ano vivendo numa realidade de isolamento social, incertezas e falta de controle, eu diria que a inteligência emocional deveria estar entre as três mais importantes habilidades.

Sem autoconhecimento e autorregulação das nossas emoções, viramos presas fáceis da polarização e julgamentos que tornam a vida em sociedade cada dia mais pesada e desagradável.

Quem viu o documentário O dilema das redes (Netflix) sabe que os algoritmos nos conhecem tão bem que nos manipulam, despertando emoções fortes como raiva e repulsa, que por sua vez nos atrapalha a ter empatia e cultivar bons relacionamentos. Sem isso, ficamos isolados – sozinhos mesmo, ou restritos a uma tribo que pode, a qualquer momento, por qualquer deslize, nos “cancelar”. E, por fim, sem uma conexão com nossa motivação intrínseca, sem próposito, a vida perde a cor, a preguiça e a inação vencem.

Por isso, é mais importante do que nunca sair do carrossel de hábitos e atitudes que nos deixam emocionalmente anestesiados e, francamente, desconectados de nós mesmos e dos outros. 

Aqui vão três ideias para começar:

1. Conheça-se de verdade: na terapia, através da escrita, sendo radicalmente honesto e corajoso com si mesmo.

2. Escute mais, fale menos: aprenda a ficar confortável no silêncio, não interrompa o outro, demonstre mais curiosidade e menos julgamento.

3. Pause antes de agir: antes de retrucar ou reagir a algo, faça uma pausa. Pergunte-se: “o que está motivando minha atitude? Vai ajudar ou atrapalhar?”

Você concorda comigo que é urgente desenvolvermos e valorizarmos a Inteligência Emocional? Quais outras estratégias você sugere como ponto de partida?