21 de dezembro de 2020

De bobo, tenho o coração inteiro

Eu sou o medo em pessoa. Medo de decidir, de perder oportunidades e de não vivê-las como ouvi dizer que deveriam ser vividas. Medo de descobrirem que falo sozinho, que conto os azulejos do banheiro e que, em vez de frutas, como carboidratos antes de dormir.

Volta e meia, me cobram algumas certezas que não existem dentro de mim. Dizem que eu deveria amar mais, amar menos, viajar mais, viajar menos. Dizem que, por causa da autenticidade necessária nos dias de hoje, eu deveria ser mais eu, ou, para não sofrer tanto, menos eu... Mas infelizmente eu não sei ser mais ou menos. Só sei ser aquilo que quero ser naquele momento. Frescura? Liberdade? Não sei. Talvez apenas o meu jeito de ser.

Sou cheio dúvidas, quero o mundo inteiro. Quero abraçar, viajar dentro e fora de mim, encontrar amores em países diferentes, colher frutas em árvores sem dono. Por isso, não sei escolher entre o amor de agora ou aquele que ainda está por vir – sabemos que ele sempre vem... São tantas chances de felicidade que, por querer tudo ao mesmo tempo, perco muitas delas.

Sei quão lindo é dizer que somos plenos de certezas e atitudes. Mas eu estaria mentindo se o fizesse. Sou a inocência de um olhar que implora amor, de pessoas e lugares. Sou alegria e tristeza no mesmo corpo, euforia e dúvida no mesmo coração. Indeciso e ingênuo, já fui muito feito de bobo, me perdi em sentimentos e prometi a mim que iria mudar. Nunca mudei. Continuo acreditando no mundo que meus olhos querem ver. E seria divertido se me deixassem acreditar nele.

É gostoso ser quem se é. É gostoso ser quem sou. E, apesar da tristeza que muitas vezes a ingenuidade traz, a felicidade, quando vem, é a mais genuína. Na doçura de ser ingênuo, vivo no receio de não saber dizer “não” àqueles que me pedem mundos, perdoo qualquer um com a facilidade com que escovo os dentes, e nem sequer consigo deixar de aceitar um panfleto na rua. Não sei se eu deveria ser assim, mas sou, pois, de bobo, tenho o coração inteiro.

18 de dezembro de 2020

Às vezes um carinho cai tão bem…

Me observando agora, neste instante, percebo como tenho uma eterna mania de colocar sentimento em tudo o que escrevo. Não que isso seja de todo ruim, longe disso. Mas é que nem sempre as emoções que me habitam são belas e frutíferas. Na maioria das vezes, são confusas e cheias de espinhos; ainda desconheço lindas flores que não carregam seus espinhos.

Ultimamente não tenho recebido muito carinho do mundo, das pessoas que me rodeiam, de mim para mim mesmo. Estou me sentindo sozinho. Na multidão. Nos minutos antes de dormir. Em vidas que tinham tudo para se encontrar. Nos filmes a que assisto e sobre os quais gostaria de dividir minhas opiniões loucas com alguém. Nas mensagens que envio e nem anseio mais respostas. Nos corações que me prometem sol, mas não me garantem um verão por inteiro.

É engraçado como digo ser refém da solidão, mas raramente dou continuidade a amores que não queiram construir uma história. Pessoas lindas por dentro e por fora me surgem a cada esquina, mas pessoas que queiram construir beleza... ah, essas são poucas! Vivo e durmo de peito aberto com a solidão, pois, assim decido todas as noites. Infelizmente, não sinto o mesmo prazer com beijos sem sobrenome, e de vazios já restam os cômodos do meu coração.

Em tempos em que se prega tanto um desapego heroico, e em que pessoas vêm sofrendo e gastando energia em quedas de braço constantes contra qualquer manifestação que possa ser contrária às suas convicções, admito que sinto falta de um beijo carinhoso, de uma mão amiga, de conversas encharcadas de interesse nos mínimos detalhes da vida. Encontrar alguém que se interesse pelos nossos sonhos, pelas brincadeiras que fazemos ao acordar ou pela maneira como rimos dos nossos sofrimentos, hoje é uma raridade.

Na minha saudade cabem lembranças que os lembrados talvez já tenham esquecido. Na verdade, todo os detalhes líricos da minha vida se desenham dessa forma: beijos cheios de saudades e saudades com tão poucos beijos. Agora, perto daquele abajur da sala da minha casa que sempre me faz refletir, me sinto um ímã das minhas saudades. Tenho boas lembranças dos carinhos que nunca mais me fizeram. Sendo porto de toda vontade de viver um amor que, como se fosse fácil, só me fizesse bem, estou me sentindo muito solitário. Triste, mas com sabor de vida real. Por opção, faço da solidão a minha companhia, pois, sendo calada, ela não me traz a alegria que me faz suspirar, mas também não me faz testar a profundidade do poço.

Sem saber o que nos resta de amanhã, os problemas me atropelam no hoje. Abreviando as minhas tristezas em sorrisos que distribuo durante o dia, finjo que estou bem, mas sei que, vivendo nessa constante solidão, nessa atmosfera pesada, cada dia me afundo mais em mim...

E, como dizia Caetano: às vezes um carinho cai tão bem.

PS: Na verdade, o “tão” foi licença poética minha, lido com tantos advérbios de intensidade em meu coração que mais um me pareceu harmônico.

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