Às vezes sinto saudade de coisas que não vivi. Não sei se posso chamar isso de saudade, mas, como posso inventar nomes para meus sentimentos, prefiro assim. Mesmo que não tenha vivido ou sentido coisas na pele, vivi na imaginação e no coração. Quem disse que a gente não amou só porque não aconteceu?
Sentir saudade do que não foi vivido é algo que costuma ocorrer com pessoas que sonham muito. É também típico de quem vivencia sozinho, mentalmente, suas histórias, talvez com medo de realizá-las, de dar o primeiro ou o próximo passo, para ela acontecer na vida. Por que será que não realizamos nossas histórias e ficamos com essa estranha saudade do que poderia ser e não foi? Será que é medo de não ser aceito? É bem provável. Que triste pensar que deixamos escapar pelos alguns momentos de provável felicidade por causa de um medo que nos paralisa, e que nem faz questão de nos dar motivos ou explicações para isso.
Fatos não vividos muitas vezes geram saudades imaginárias piores que as reais, sentidas por pessoas que já passaram por eles, amaram e tiveram experiências. Na saudade do que não aconteceu, criamos sonhos, imergimos em uma realidade impecável e, sem ter vivido aquela oportunidade, imaginamos que tudo seria perfeito caso acontecesse. E parece que a vida que a gente não viveu, o caminho que não trilhamos, sempre é mais belo, florido e ameno. Mas isso somente acontece na nossa imaginação fértil, na qual cada detalhe é como desejamos que seja. Na vida real não é assim, claro.
Gostar de alguém ou de alguma coisa e não agir para conquistar é uma covardia com nossos sentimentos. Deixamos a imaginação completar a história e transformamos tudo em uma mera possibilidade de ser feliz. Muitas vezes ficamos satisfeitos somente com essa mera possibilidade. Só que com o tempo e com a coragem que a maturidade traz, a gente se lembra e sente saudade dos momentos que deixou escapar por besteiras.
E como a gente faz para não sentir saudade do que não aconteceu?
O melhor é viver sem tentar antever as frustrações que podem (ou não) acontecer. É entregar-se ao momento sem medir consequências. E nunca, nunca, deixar de dizer que ama alguém, pois, no dia seguinte, já pode ser tarde demais. Quando há amor, as palavras engasgadas de hoje serão a doida saudade de amanhã, de algo que você não se permitiu viver