Eu sou o medo em pessoa. Medo de decidir, de perder oportunidades e de não vivê-las como ouvi dizer que deveriam ser vividas. Medo de descobrirem que falo sozinho, que conto os azulejos do banheiro e que, em vez de frutas, como carboidratos antes de dormir.

Volta e meia, me cobram algumas certezas que não existem dentro de mim. Dizem que eu deveria amar mais, amar menos, viajar mais, viajar menos. Dizem que, por causa da autenticidade necessária nos dias de hoje, eu deveria ser mais eu, ou, para não sofrer tanto, menos eu... Mas infelizmente eu não sei ser mais ou menos. Só sei ser aquilo que quero ser naquele momento. Frescura? Liberdade? Não sei. Talvez apenas o meu jeito de ser.

Sou cheio dúvidas, quero o mundo inteiro. Quero abraçar, viajar dentro e fora de mim, encontrar amores em países diferentes, colher frutas em árvores sem dono. Por isso, não sei escolher entre o amor de agora ou aquele que ainda está por vir – sabemos que ele sempre vem... São tantas chances de felicidade que, por querer tudo ao mesmo tempo, perco muitas delas.

Sei quão lindo é dizer que somos plenos de certezas e atitudes. Mas eu estaria mentindo se o fizesse. Sou a inocência de um olhar que implora amor, de pessoas e lugares. Sou alegria e tristeza no mesmo corpo, euforia e dúvida no mesmo coração. Indeciso e ingênuo, já fui muito feito de bobo, me perdi em sentimentos e prometi a mim que iria mudar. Nunca mudei. Continuo acreditando no mundo que meus olhos querem ver. E seria divertido se me deixassem acreditar nele.

É gostoso ser quem se é. É gostoso ser quem sou. E, apesar da tristeza que muitas vezes a ingenuidade traz, a felicidade, quando vem, é a mais genuína. Na doçura de ser ingênuo, vivo no receio de não saber dizer “não” àqueles que me pedem mundos, perdoo qualquer um com a facilidade com que escovo os dentes, e nem sequer consigo deixar de aceitar um panfleto na rua. Não sei se eu deveria ser assim, mas sou, pois, de bobo, tenho o coração inteiro.