Não é porque, em muitos momentos da minha vida, me deparo sozinho fisicamente que me sinto uma pessoa solitária. Na verdade, tenho mais amigos do que julgo merecer, pois não consigo desfrutar deles como gostaria. A verdade é que eu gosto e preciso de momentos a sós. E não me sinto solitário por conta disso.

Sentir-se solitário não é sobre ter poucas ou muitas pessoas ao seu lado. Há pessoas rodeadas de gente – família, amigos, colegas – que se sentem internamente solitárias. Na verdade, sentir-se solitário não é sobre “ser” ou “estar” solitário, mas sobre o sentimento interno de isolamento. Não há uma regra para definir se alguma pessoa é de fato solitária ou não, mas, sim, se ela se sente solitária ou não. Há pessoas que estão sozinhas em busca de si, que passam grande parte do dia sem nenhuma companhia, e não carregam consigo essa sensação de estar solitário. Ao contrário, se sentem abraçadas pelo mundo e pelas experiências; elas se sentem preenchidas pela conexão que têm consigo mesmo.

A meu ver, a sensação de sentir-se solitário neste mundo tem muito mais a ver com a conexão que conseguimos ter com nós mesmos do que com a quantidade de pessoas que estão perto de nós. Estar rodeado de pessoas que não respeitam e não entendem as inclinações do que desejamos ou sonhamos nos gera uma constante sensação de estar solitário. O que adianta estar rodeado de pessoas que não conseguem observar o que há por dentro do que somos, da persona que criamos para nos proteger?

Gostar da própria companhia e fazer dela um encontro bonito consigo não significa escassez em encontro com outras pessoas, somente um equilíbrio entre a necessidade de encontro e a necessidade de recolhimento. Já ouvi diversas vezes que a solidão pode parecer fuga ou que poderia soar como um movimento arrogante, como se ninguém merecesse desfrutar da sua companhia. Não sinto desta forma. Ficar a sós com meus pensamentos – volta e meia turbulentos e catárticos, volta e meia mansos e tediosos – me traz uma paz que poucas vezes sinto fora do ninho em que recarrego minhas energias. Preencher o espaço físico é diferente de preencher a alma; e nem sempre o abraço de quem nos ama genuinamente nos compreende e nos aceita.