11 de abril de 2021

Um dia as pessoas se vão…

Um dia, sem aviso-prévio, as pessoas se vão e nos deixam na lembrança suas histórias. Tanto as vividas quanto as sonhadas. E as histórias de quem se foi são a forma mais gostosa de eternizar aquela pessoa na gente.

Quando alguém querido se vai, nos deixa uma parte de si. Deixa também um pouco de solidão. E a solidão, com o tempo, se torna amiga. E assim descobrimos com as pessoas que se foram que um belo abraço e um olhar carinhoso sempre se fazem presente, e que nada verdadeiramente grande acontece sem uma parcela de amor.

Lembro-me, como se fosse ontem, do dia em que meu pai partiu. Eu não era lá um filho muito carinhoso, confesso. Ele também sempre foi um homem de poucas palavras quando o assunto era sentimentos. Mas nos bastávamos assim. Um pouco antes de partir, daquele seu jeito único, que mesclava rispidez e sinceridade, ele divagou comigo por alguns segundos. Entre olhares e lágrimas contidas, me disse da forma mais sin-cera possível que no leito de morte nós somos pessoas de verdade. Somos porque conseguimos clarear os horizontes e sentir plenamente a emoção vivida naquele instante. Não há outras preocupações além de valorizar nossos últimos momentos.

Ainda criança, olhei para ele um pouco sem chão e perguntei como iria conseguir me refazer sozinho. E, com um sorriso que eu poucas vezes havia visto, ele me disse, com os olhos cheios de lágrimas, que são belas as aves que voam sozinhas.

A verdade é que um dia, cedo ou tarde, a dor nos invade sem pedir licença. Se coloca ao nosso lado, sussurra no nosso ouvido e diz que não irá embora até conversarmos com ela. A dor engana, cria ilusão, se faz infinita. Hoje, sendo uma ave que voa sozinha, aprendi que o amor de uma pessoa que se foi, na verdade, nunca se vai. Ele fica. Nas histórias, na saudade e na esperança certeira de ela estar sempre torcendo por nós.

Em dias de tristeza profunda por algumas pessoas perdidas, a gente aprende que a vida não passa de uma oportunidade de infinitos encontros e desencontros. Encontrar quem a gente ama, nos doar inteiramente e saber que, mesmo não parecendo, isso foi suficiente.

A saudade sempre grita. Mas a certeza do coração diz a ela que um dia a gente vai descobrir que, como disse Schopenhauer, “o amor é a compensação da morte”. Então, que sejamos capazes de valorizar e compreender mais as pessoas, pois todo coração pede, implora, uma oportunidade de deixar seu amor eterno na gente.

5 de abril de 2021

O que é escrita criativa?

A “escrita criativa” se popularizou nos últimos tempos, mas será que todos nós temos a mesma compreensão do que é escrita criativa? Afinal, embora todos vamos concordar sobre a definição da palavra “escrita”, o adjetivo “criativa” é um tanto subjetivo.

A Wikipédia define escrita criativa como “toda a escrita literária (textos literários), nomeadamente poemas, contos, novelas, romances, textos dramáticos, guiões” (para quem não sabe – e eu não sabia – “guião” é “roteiro” em português de Portugal). Mas, voltando para a Wikipédia, preciso dizer que achei essa definição excessivamente estreita, a começar pelo fato de que exclui todo e qualquer texto de não ficção! Quer dizer, então, que o Yuval Noah Harari, quando escreveu o best-seller Sapiens, não estava escrevendo criativamente? Ou que os textos de jornalistas, publicitários e profissionais de marketing não são criativos?

Limitar o termo “escrita criativa” a obras de ficção não me parece muito interessante. Prefiro a generosidade da definição do jornalista e escritor Ronaldo Bressane. Para ele, escrita criativa é “tudo que é escrito de modo criativo, ou seja, nem técnico, nem copiado”. Sucinto, abrangente e certeiro. Essa definiça abre o campo das possibilidades e, em última instância, convida todos nós a sermos mais criativos.

Rótulos de xampu podem ser criativos (os leitores de chuveiro agradecem).

E-mails triviais podem ser criativos.

Bilhetes românticos podem ser criativos.

Não seria lindo se todos nós usássemos a escrita como veículo para expressar a singularidade dos nossos pensamentos e emoções? Se aprendessemos a escrever não apenas para informar, assimilar conteúdos e fazer combinados, mas também para criar conexões, aumentar nosso autoconhecimento e expressar o que há de mais precioso dentro de nós – nossa essência única?

Sei que sou suspeito. Eu não só vivo da palavra como fui salvo pela escrita, como explico no meu livro Coragem é Agir com o Coração.  Sou um eterno apaixonado pela escrita criativa e quero imbuir em todos essa mesma paixão.

A vida é muito bela e muito complexa para limitarmos nossos textos a objetivos utilitários; nossa mente é ampla e extraordinária demais para regurgitar apenas ideias copiadas. Quando todos nós – escritores e engenheiros, médicos e motoristas, advogados e acadêmicos, entre outros – assumirmos a criatividade de nossos textos, tenho certeza de que ler e escrever serão tarefas que faremos com muito mais prazer e autenticidade.

Se você gostou deste artigo, te convido a conhecer meu curso online Escrita e Autoconhecimento: A arte de se encontrar através da palavra. O curso é para quem quer se autoconhecer, se comunicar de forma mais autêntica, desenvolver o hábito de escrever e aprender a lidar melhor com as suas emoções.

4 de abril de 2021

Deixar de amar pelo medo de sofrer é pobre demais

Um dia te disseram que você devia desapegar. Que devia se afastar dos sentimentos, dos amores e das pessoas que pudessem invadir sua privacidade emocional. Como se o desapego fosse um antídoto contra o sofrimento, como se isso transportasse as pessoas com más intenções para um universo distante e paralelo. Como se desapegar fosse a solução definitiva para os problemas de quem fez escolhas imperfeitas no amor. Mas como você vai amar com maturidade se fugir toda vez que o amor der as caras? Do que você quer tanto se proteger?

O pior é que vejo pessoas se colocando em um pedestal por não se apegarem, como se isso fosse um objetivo a ser alcançado, um superpoder. Triste. Como sempre digo, amar sem se colocar em uma situação de vulnerabilidade é impossível. E deixar de amar pelo eterno medo de sofrer é uma conduta pobre demais.

Você tem que se desapegar das coisas que te fazem mal, mas não das emoções. Buscar autoestima, se proteger de situações que sugam seu amor-próprio, se resguardar depois de uma relação turbulenta, por exemplo, são atitudes inteligentes, diferentemente de cultivar o desapego e a falta de responsabilidade. A gente precisa aprender a se apegar, sim, só que precisa aprender a selecionar as pessoas em quem vamos depositar nossas esperanças.

Nunca deixe que te digam que desapegar é uma maneira de não sofrer. Na verdade, o desapego só posterga os aprendizados que amar outra pessoa traz. E é bom que você saiba desde já que os sofrimentos são inevitáveis; é preciso aprender a lidar com eles. Para receber um amor, além de estarmos abertos a amar, precisamos estar preparados para a hora do adeus. Achar que você pode driblar a dor de sofrer por amor é uma ilusão. Por isso, ouça mais o seu interior do que a opinião de pessoas que pouco sabem sobre amar.

29 de março de 2021

3 dicas para melhorar o seu humor através da escrita

Não vou mentir: estou passando pelo meu pior momento desde que a pandemia da Covid-19 começou. A magnitude das perdas, a saudade dos amigos e do sol sobre minha cabeça, a ausência de uma luz no fim do túnel… Tudo isso tem me deixado mais ansioso e melancólico, e sei que não estou sozinho.  E, por mais que seja possível se distrair desses sentimentos com o trabalho, as intermináveis tarefas domésticas e o entretenimento constante dos serviços de streaming e das redes sociais, tem hora que os sentimentos borbulham para a superfície.

E então? Como lidar com eles (com ferramentas que estão à nossa disposição)?

Seguem abaixo alguns exercícios que têm funcionado para mim:

1. Escrevendo para aliviar o peso.

Se você já viu O Sexto Sentido – ótimo filme, super recomendo – talvez você lembre do momento chave em que Malcolm (Bruce Willis) explica para Cole (Haley Joel Osment) que os fantasmas que o atormentam só querem ser ouvidos. Acredito que o mesmo acontece com nossas emoções. Por isso, um exercício que me traz alívio imediato é colocar tudo no papel: descrevendo o que estou sentindo, quais os pensamentos que surgem e as emoções que vêm de carona. Despejar tudo ali, no caderno (ou no notebook), é catártico: automaticamente me sinto mais leve.

Dicas: escreva rápido, sem pensar muito e pare quando o ritmo dos pensamentos estiver mais calmo.

2. Escrevendo para se conectar com a alegria.

Enquanto o primeiro exercício é para colocar para fora o que está causando sofrimento, este é para colocar para dentro o que tem de belo, calmo e encantador. Essa escrita pode ser descritiva – uma tentativa de capturar a beleza da luz da manhã entrando pela janela, por exemplo – mas também pode ser sonhadora – relembrando um momento feliz ou imaginando uma experiência boa. Um devaneio filosófico também funciona. Esse tipo de escrita expande os horizontes; sempre me sinto mais esperançoso e conectado.

Dica: Use a luz natural ou tenha uma janela por perto; a natureza facilita essa conexão.

3. Escrevendo para sentir gratidão.

Tem várias formas de fazer isso. Você pode ter um bloco ou caderno para escrever 3 ou 5 ou 10 coisas pelo qual você se sente grato toda noite. Você pode escrever pequenos bilhetes ao longo do dia e colocá-los num pote de vidro ou pregar na geladeira. O importante é se conectar com pequenas alegrias; colocando-as no papel para torná-las mais concretas, menos efêmeras.

Dica: Se seus motivos de gratidão envolverem terceiros, compartilhe o sentimento com eles. É quase tão bom quanto um abraço.

E vocês: o que têm feito para manter a sanidade nesse momento? Compartilhe suas dicas comigo.

28 de março de 2021

Ela partiu tão cedo

Ela partiu tão cedo. Não tive oportunidade de falar tudo o que diariamente sinto vontade de dizer. Fiz como as crianças e disse, sobretudo, as palavras que senti que ela gostaria de ouvir. Aprender uma palavra e repeti-la, diversas vezes, somente para ensaiar a reação dos adultos sempre foi uma provocação minha. Eu disse que a amava, que sentiria sua falta eternamente, que não aceitaria a distância em hipótese alguma, mas gostaria de poder dizer tudo isso de novo. E de novo. Disse tantas coisas, sem perceber que só o futuro revelaria o que realmente precisava ser dito.

Antes do anoitecer, falo que a amo profundamente, por mais que o silêncio seja a única resposta. Imagino-a respondendo; sinto o tom da voz caminhando do quarto até a sala, mas a fantasia não abraça quente como a realidade. As palavras saem da minha boca, mas não voltam aos meus ouvidos, por mais que eu induza a minha imaginação a acreditar que sim. A verdade é um buraco escuro. Falar sozinho sobre a minha saudade, fantasiando reciprocidade, é uma loucura que me salva da desesperança profunda.

Um dia, sentados a uma almofada de distância, perguntei – ansiando uma promessa – se um dia ela ousaria me deixar. E ela me prometeu, com aqueles olhos que não desviam quando demonstram amor, que nunca me deixaria. E eu acreditei. Sei que devemos perdoar as promessas que são interrompidas pelo adeus, mas não consigo me perdoar, por mais que eu não seja culpado de nada. Como posso carregar em mim a culpa do adeus de quem não pode escolher ficar?

Ela foi cedo demais; cedo a ponto de não me dizer por que não me preparou para o adeus. Todo amor deveria vir com uma cartilha de despedida explicando o que devemos fazer quando quem amamos parte para o desconhecido. Aprender a viver depois que o amor partiu é um mistério cruel demais para ser desvendado enquanto juntamos os cacos de um coração partido.

Hoje sei que não há tristeza que sussurre de forma tão aguda como a tristeza do adeus. E por mais que haja um adeus entre os nossos corações, reconheço que amei justamente por não saber a dor do amor partido. Se soubesse, não teria amado tanto.

22 de março de 2021

A diferença entre escrever bem e escrever mal

No meu curso Escrita e Autoconhecimento, dedico um bom tempo para alertar contra o crítico interior – aquela voz negativa que sempre parece querer ajudar, mas que acaba sabotando nosso planos, nos mantendo presos na nossa zona de conforto. Com frequência, as críticas chegam num volume tão ensurdecedor que nós acabamos cedendo: “Ok, ok, você está certo. É melhor eu não escrever essa história”. E aí ligamos o Netflix, nos distraímos e não produzimos aquilo que tanto sonhamos. Uma lástima.

Mas matar o crítico interior é um erro igualmente grave. Porque o nosso senso crítico tem uma importância enorme na segunda fase da criação de qualquer texto: a fase da edição. E isso vale para um email, uma apresentação, um artigo acadêmico, uma tese, uma crônica, um livro inteiro. É importantíssimo dedicar tempo e esforço para reler o que você escreveu, de preferência com a mente descansada. E, nessa hora, chame o crítico interior para participar. “Amigo, agora sim eu gostaria do seu input”.

Pergunte-se:

  • O texto está claro?
  • O meu objetivo com esse texto foi comprido? 
  • O que poderia melhorar nessa frase, nesse parágrafo, para tornar o texto ainda mais efetivo?
  • Faltou alguma coisa: informação, emoção, tato?

Escrever bem acontece em duas etapas: escrever e depois melhorar o que foi escrito. O crítico interior, que tanto nos atrapalha na primeira etapa, é primordial na segunda. Em seu Master Class ensinando a escrever thrillers, Dan Brown – autor de  O Código Da Vinci e outros best-sellers – diz que “a diferença entre bons e maus escritores é que bons escritores sabem quando escrevem mal”. Ou seja: até bons escritores escrevem mal de vez em quando. A diferença é que eles usam o seu senso crítico para melhorar.

21 de março de 2021

Me larga, Ansiedade…

Muitas vezes, me perco entre minhas inúmeras ansiedades. Sinto como se elas testassem diariamente a minha capacidade de suportar uma enxurrada de dúvidas e, pior, tivessem o sadismo de resgatar algumas lembranças tristes que ainda me doem.

Minhas ansiedades me corroem, me tiram o ar literalmente, quando não me roubam as esperanças e o sorriso do rosto. São insistentes, conversam comigo em momentos que eu não gostaria de falar e me deixam com algumas inseguranças que eu gostaria muito que já não me pertencessem mais. Elas são como aquelas amizades que um dia adoramos ter, que já foram divertidas, felizes, e que tiveram seu momento de companheirismo na adolescência, mas que hoje não fazem mais sentido.

Toda noite, quando o relógio insiste em fazer maratona pelos espaços do meu coração, fico me perguntando por que a minha cabeça não esvazia da mesma forma que meu peito já cansou de fazer. A ansiedade habita de maneira tão corriqueira dentro de mim que algumas vezes já me peguei até com medo de ser feliz. Não sei, era como se eu não merecesse a felicidade. (Medo de ser feliz: qual é o nome dessa doença? Parece grave!) Com medo de errar, eu me apavorava e desistia. Com medo de amar, pegava minhas trouxas e fugia para a minha colcha de retalhos emocional. Com medo da insuportável aparição da ansiedade, ficava por horas e horas entre as cobertas e com as luzes apagadas. Assim como o melhor brinquedo do parque, minha cabeça brincava de ser o carrossel em que todas as crianças gostavam de brincar, onde subiam, pulavam, gritavam e batiam insistentemente os pés, enquanto eu girava, girava e girava, em um único movimento circular e repetitivo, sem nem saber por quê.

Tentar dividir com alguém as angústias das nossas mais íntimas, recorrentes e incoerentes ansiedades é um sofrimento, e é um sofrimento solitário. Solitário porque não converso sobre minhas ansiedades com quem sinto que não está disposto a ouvir. E, por sentir que poucos conseguiriam dimensionar meu sofrimento, me fecho em solidão, me permito silenciar a boca, os olhos e o coração acelerado. Fico sozinho, brinco de inventar catástrofes com minhas próprias vivências e percebo que já estou ficando pós-graduado em antecipar desgraças que provavelmente nunca acontecerão.

Só compreende a profundeza de uma crise de ansiedade quem já sentiu, quem já viveu, quem já criou laços de amizade com as obscenas e solitárias madrugadas, quem já sentiu a cabeça latejar em busca de soluções que não existem, e quando existem, só dependem do tempo, nem sempre nosso amigo.

Abafar os pensamentos é uma constante agonia que carrego comigo desde pequeno. Acenar para a minha autoestima no quesito amar é uma luta diária que oscila com o meu emocional. Lembrar que na vida ainda haverá muitas boas notícias por vir é uma mensagem que escrevo em um pedacinho de papel e deixo na porta da minha geladeira, para ler todos os dias pela manhã. Não sou uma pessoa triste, longe disso, mas às vezes, quando estou imerso nas profundezas das minhas mais íntimas e confusas ansiedades, infelizmente me esqueço desse detalhe.

15 de março de 2021

Como escrever o e-mail perfeito

Li recentemente no The New Yorker um artigo do escritor Cal Newport em que ele argumenta que os e-mails estão nos deixando profundamente infelizes. De acordo com ele – e apoiado por vários estudos e especialistas – os emails criam “um ciclo tortuoso que aumenta nossa quantidade de trabalho ao mesmo tempo em que frustra, por meio da distração constante, nossa capacidade de realizá-lo com eficácia”. Mais grave do que isso, no entanto, é que, segundo Newport, o e-mail é uma forma “desumana” de trabalhar em equipe.

Fiquei um tempão refletindo sobre isso: será que existe uma forma de tornar o e-mail mais humano - menos uma fonte de estresse e mais uma ferramenta de conexão, sem perder a praticidade? 

Aqui vão algumas coisas que eu pensei:

1. Pergunte se o email é mesmo necessário.

Emails são como embalagens: práticas, muitas vezes necessárias, mas inegavelmente poluentes. Então, vamos ser ecológicos - quero dizer, econômicos com o seu uso. Se for supérfluo, não escreva. 

2. Copie só quem realmente importa.

Pelos mesmos motivos citados acima, não mande um email para quem não precisa recebê-lo. 

3. Escolha a hora certa.

Toda forma de comunicação tem um texto e um subtexto. Quando um chefe envia um email a seus subordinados no domingo, às onze da noite, o subtexto é: “não existe folga do trabalho”. Uma mensagem assim, dependendo do ambiente de trabalho, pode ser muito desagradável. Se necessário, escreva, mas deixe para enviar na manhã seguinte.

4. Seja claro e objetivo.

Não é o momento de escrever textão. Procure ser o mais objetivo possível, sem ser frio, o que nos leva ao próximo ponto…

5. Seja simpático.

Claro que o tom depende do assunto, do destinatário e da área de atuação, mas seja o mais agradável possível. Lembre que suas palavras vão ser lidas por uma pessoa de carne e osso. Sugiro fechar os olhos, visualizar seu(s) destinatário(s) e colocar uma frase ali que possa ser lida com um sorriso. 

6. Não seja preguiçoso.

Esquecer de usar letras maiúsculas para começar a frase ou economizar na pontuação – ou, pior, deixar de assinar o seu nome no final – dá a impressão de que você não se importa nem com o básico da cordialidade. 

7. Tenha paciência.

Estamos todos sobrecarregados, com caixas de mensagens transbordando. Sejamos pacientes – tanto para ler e responder os nossos emails quanto para aguardar as respostas.

Foram essas as dicas que me surgiram, mas a ideia deste post é ser um ponto de partida para descobrirmos uma forma mais humana de nos comunicar por e-mail.  E aí, quais são as suas dicas para escrever o e-mail perfeito? 

14 de março de 2021

Toda tristeza é um filho

Um olhar triste nunca me afastou de ninguém. Impulsionado por uma sensibilidade que incansavelmente sussurrava no meu ouvido, sempre me aproximei dos que contavam histórias pelos olhares. Todos têm uma história para contar, uma canção que têm vergonha de se identificar ou um choro que esconderam no banheiro. Por maior que seja o embarque do sofrimento, nunca deveriam ter medo de contá-las ou ouví-las, pois, não importa quem tenha sido o vilão ou o mocinho, as histórias são o que são.

As tristezas acontecem, porém, nós as vestimos de formas diferentes. Toda tristeza pode ser uma armadura impenetrável ou uma veste bonita, um muro alto ou uma ponte florida. Elas surgem, pingam em nossas mãos e cabe a nós definir o que faremos com elas. São partes nossas, mas que não podem ditar o nosso olhar sob a vida, até porque carregar tristezas consigo não faz de ninguém uma pessoa triste.

Se existem marcas na pele, por que também não haveriam marcas na alma? Se separamos tempo para celebrar as alegrias, precisamos também separar tempo para chorar. Se fugimos das lágrimas, também fugimos dos aprendizados. E um sofrimento nunca pode ser um aprendizado em vão.

Precisamos ter algo que chora dentro de nós. Uma parte disforme que também precisa sair, respirar, nadar em si. Se você deixa as suas alegrias passearem ao sol, desfilarem frente aos desconhecidos, onde as tuas tristezas se encontram? Não é porque você não as considera tão belas que não precisem do mesmo olhar admirado que você tem das alegrias. Focar no porquê da tristeza ou julgá-la como indesejável é não aceitá-la como ela é. E toda tristeza é um filho que devemos amar, seja como ele for.

8 de março de 2021

3 erros para evitar se você quer ter mais empatia

Estava refletindo ontem sobre empatia – ou melhor, sobre a falta de empatia, que me parece uma pandemia tão virulenta quanto a Covid-19. Muito já foi dito sobre a importância de empatia, não apenas na vida pessoal, como também no trabalho. Empatia é importante para a motivação, para a criatividade, para a comunicação e a produtividade dos funcionários. É essencial no atendimento ao consumidor e no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Sobretudo, é necessário para vivermos em harmonia na sociedade e encontrarmos soluções eficazes para resolver nossos problemas.

No entanto, apesar de muitos louvarem a empatia, ela segue sendo rara na fala e no comportatmento da grande maioria das pessoas. Se a empatia fosse uma prioridade, será que teríamos superado a marca de 250 mil mortes? Se todos praticassem a empatia como praticam yoga ou musculação, será que teríamos a cultura do cancelamento? E não seria a falta de empatia a principal culpada pela polarização da nossa política e degradação do meio ambiente?

Não tenho respostas, mas posso dizer o que não funciona quando o assunto é empatia. Aqui vão três coisas que a gente deve evitar:

1. Comparar dores / problemas

Sempre que a gente traz algo para a conversa que seja uma comparação, aquilo pode ser interpretado como um “cala a boca”. Mesmo que a intenção não seja roubar a história e torná-la sobre você e sim tentar colocar as coisas em perspectiva, ao reagir com comparações você está, no fundo, minimizando a queixa da pessoa.  Alguns exemplos disso seriam: “Ah, você acha isso ruim? Deixa eu te falar o que aconteceu com a minha prima” e “É, mas pelo menos você tem um emprego!” 

2. Focar apenas e imediatamente na ação

Pessoas práticas tendem a querer pular logo para o próximo passo. Elas pensam: “ok, não adianta focar no problema, vamos pra solução!” É legal que estejam dispostas a ajudar, mas, muitas vezes, o impulso de agir é precipitado. De novo, passa a impressão de não estar ligando para os sentimentos do outro. Para piorar a situação, sem fazer mais perguntas nem ir mais a fundo no assunto, é muito provável que as “soluções” sejam rasas, pouco originais e inefetivas.

3. Evitar o assunto 

Essa atitude muitas vezes é bem intencionada: “não quero piorar, então não vou falar nada”. É comum quando alguém passa por uma perda: morte na família, desemprego, término de relacionamento etc. Mas evitar tocar no assunto – ou pior, evitar qualquer contato com a pessoa – é muito doloroso para quem está sofrendo. Ao invés de ficar calado, é melhor admitir: “Olha, eu soube o que aconteceu, mas não sei o que dizer... Sinto muito”.

Eu mesmo já cometi esses erros inúmeras vezes, mas sigo tentando melhorar e ser mais empático. E você, qual desses erros você mais comete? Qual deles mais lhe incomodam? 

Vamos melhorar? Talvez o futuro da humanidade (e do planeta) dependam disso.

Está com dificuldade de seguir em frente depois de uma relação que havia muito sentimento?

Quer dar a volta por cima e resgatar o seu bem-estar emocional?

Fred Elboni 2022 — Todos os direitos reservados

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