Estava refletindo ontem sobre empatia – ou melhor, sobre a falta de empatia, que me parece uma pandemia tão virulenta quanto a Covid-19. Muito já foi dito sobre a importância de empatia, não apenas na vida pessoal, como também no trabalho. Empatia é importante para a motivação, para a criatividade, para a comunicação e a produtividade dos funcionários. É essencial no atendimento ao consumidor e no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Sobretudo, é necessário para vivermos em harmonia na sociedade e encontrarmos soluções eficazes para resolver nossos problemas.

No entanto, apesar de muitos louvarem a empatia, ela segue sendo rara na fala e no comportatmento da grande maioria das pessoas. Se a empatia fosse uma prioridade, será que teríamos superado a marca de 250 mil mortes? Se todos praticassem a empatia como praticam yoga ou musculação, será que teríamos a cultura do cancelamento? E não seria a falta de empatia a principal culpada pela polarização da nossa política e degradação do meio ambiente?

Não tenho respostas, mas posso dizer o que não funciona quando o assunto é empatia. Aqui vão três coisas que a gente deve evitar:

1. Comparar dores / problemas

Sempre que a gente traz algo para a conversa que seja uma comparação, aquilo pode ser interpretado como um “cala a boca”. Mesmo que a intenção não seja roubar a história e torná-la sobre você e sim tentar colocar as coisas em perspectiva, ao reagir com comparações você está, no fundo, minimizando a queixa da pessoa.  Alguns exemplos disso seriam: “Ah, você acha isso ruim? Deixa eu te falar o que aconteceu com a minha prima” e “É, mas pelo menos você tem um emprego!” 

2. Focar apenas e imediatamente na ação

Pessoas práticas tendem a querer pular logo para o próximo passo. Elas pensam: “ok, não adianta focar no problema, vamos pra solução!” É legal que estejam dispostas a ajudar, mas, muitas vezes, o impulso de agir é precipitado. De novo, passa a impressão de não estar ligando para os sentimentos do outro. Para piorar a situação, sem fazer mais perguntas nem ir mais a fundo no assunto, é muito provável que as “soluções” sejam rasas, pouco originais e inefetivas.

3. Evitar o assunto 

Essa atitude muitas vezes é bem intencionada: “não quero piorar, então não vou falar nada”. É comum quando alguém passa por uma perda: morte na família, desemprego, término de relacionamento etc. Mas evitar tocar no assunto – ou pior, evitar qualquer contato com a pessoa – é muito doloroso para quem está sofrendo. Ao invés de ficar calado, é melhor admitir: “Olha, eu soube o que aconteceu, mas não sei o que dizer... Sinto muito”.

Eu mesmo já cometi esses erros inúmeras vezes, mas sigo tentando melhorar e ser mais empático. E você, qual desses erros você mais comete? Qual deles mais lhe incomodam? 

Vamos melhorar? Talvez o futuro da humanidade (e do planeta) dependam disso.