A “escrita criativa” se popularizou nos últimos tempos, mas será que todos nós temos a mesma compreensão do que é escrita criativa? Afinal, embora todos vamos concordar sobre a definição da palavra “escrita”, o adjetivo “criativa” é um tanto subjetivo.

A Wikipédia define escrita criativa como “toda a escrita literária (textos literários), nomeadamente poemas, contos, novelas, romances, textos dramáticos, guiões” (para quem não sabe – e eu não sabia – “guião” é “roteiro” em português de Portugal). Mas, voltando para a Wikipédia, preciso dizer que achei essa definição excessivamente estreita, a começar pelo fato de que exclui todo e qualquer texto de não ficção! Quer dizer, então, que o Yuval Noah Harari, quando escreveu o best-seller Sapiens, não estava escrevendo criativamente? Ou que os textos de jornalistas, publicitários e profissionais de marketing não são criativos?

Limitar o termo “escrita criativa” a obras de ficção não me parece muito interessante. Prefiro a generosidade da definição do jornalista e escritor Ronaldo Bressane. Para ele, escrita criativa é “tudo que é escrito de modo criativo, ou seja, nem técnico, nem copiado”. Sucinto, abrangente e certeiro. Essa definiça abre o campo das possibilidades e, em última instância, convida todos nós a sermos mais criativos.

Rótulos de xampu podem ser criativos (os leitores de chuveiro agradecem).

E-mails triviais podem ser criativos.

Bilhetes românticos podem ser criativos.

Não seria lindo se todos nós usássemos a escrita como veículo para expressar a singularidade dos nossos pensamentos e emoções? Se aprendessemos a escrever não apenas para informar, assimilar conteúdos e fazer combinados, mas também para criar conexões, aumentar nosso autoconhecimento e expressar o que há de mais precioso dentro de nós – nossa essência única?

Sei que sou suspeito. Eu não só vivo da palavra como fui salvo pela escrita, como explico no meu livro Coragem é Agir com o Coração.  Sou um eterno apaixonado pela escrita criativa e quero imbuir em todos essa mesma paixão.

A vida é muito bela e muito complexa para limitarmos nossos textos a objetivos utilitários; nossa mente é ampla e extraordinária demais para regurgitar apenas ideias copiadas. Quando todos nós – escritores e engenheiros, médicos e motoristas, advogados e acadêmicos, entre outros – assumirmos a criatividade de nossos textos, tenho certeza de que ler e escrever serão tarefas que faremos com muito mais prazer e autenticidade.

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