12 de setembro de 2021

Para que amar a saudade se a gente pode falar do amor de agora?

Ela sempre foi de sorrir muito, como se vivesse todos os dias em um eterno carrossel, cada volta um sorriso diferente a cada volta e um medo maior da próxima. Quando conversávamos, me contava que não conseguia dizer o que sentia para quem tanto amava. É engraçado porque, dentro dela, não havia sinais de vergonha ou medo da falta de aprovação. Mas quando alguém me diz que não sabe demonstrar o que sente, me soa como uma confissão, um pedido de ajuda. Quem fala isso é porque está sofrendo, mesmo que às vezes não saiba.

Ela pode ser João, Pedro, Carolina ou Juliana. Ela é o medo de sentir uma alegria que nunca sentiu, ou que sentiu e perdeu às vésperas de se tornar indelével. Ela é a vergonha de ser, como muitos dizem, vulnerável ao amor ou, em casos mais graves, uma conversa estreita entre o sentir e o orgulho de demonstrar, mesmo que ela não admita. Ela é um medo do tamanho do mar-profundo, uma conchaque, de tão fechada, ouve de todos que é durona, quando no fundo só tem pavor de perder a pérola que guarda em seu interior.

Quando dizemos, da maneira que for, nossos sentimentos para quem amamos, envolvemos aquela pessoa no nosso universo de modo único, englobando tudo o que há em nós: os afetos e os desafetos, os defeitos escondidos e os aparentes, as manias e as loucuras. Omitir do outro nossas peculiaridades seria uma maneira muito pobre de amar. Quando sentimos que, além de pulsar, o coração também formiga, queremos dividir com o mundo, gritar, olhar nos olhos e, sem medir a duração das palavras, transportar as formigas que ali vivem para também conhecer o coração do outro.

Poucos sabem, mas existe uma parcela da vida muito bonita que permeia o dizer e o sentir. Sentir é maravilhoso, criamos dentro de nós lugares que nunca imaginamos, profundos, ricos, nossos. Só que, quando confessamos o que sentimos, transportamos nossos amores para um tapete mágico que pode nos levar aonde quisermos. Ver a alegria de quem a gente ama estampada no rosto é um prazer muito maior do que “só” amar por amar. Ter a sensação de estar amando é algo pequenino perto da euforia de dizer ao outro que ele está sendo amado.

Ela ainda não descobriu como é divertido dizer, sem pudores, o que sente e, pela linda mania que a vida tem de distribuir seus momentos, ganhar em troca um sorriso de reciprocidade. É como um bom-dia com café quentinho e abraço com gosto de para sempre, mesmo que de eternas sejam só as lembranças. A verdade é que a gente perde muito tempo com medo, perde amores, sensações únicas, sorrisos únicos, por achar que não consegue. A gente se perde em saudades que, por sua vez, também serão únicas.

Querer ouvir tudo mas não falar tudo o que se sente é injusto tanto com os amores que passam quanto com os que ficam. Eu te amoeu adoro estar com vocêfoge comigoestou tão feliz que você está aquidesce rapidinhoestou com tanta saudade são palavras que soam feito bálsamo para a alma de quem convive conosco. Uma pena ela não saber disso e não se enfrentar para descobrir como é louco e gostoso esse mundo das palavras que soam feito música.

Sorria como ela, mas não deixe de dizer o que ela quis e não conseguiu. Seja diferente, e olha que nem precisa sair daquele carrossel cheio de alegrias em que ela vive, onde há espaço para todos os medos. Ela não sabe o que está perdendo, mesmo que já tenha perdido muitas coisas.

Ah, se ela soubesse como o tempo passa! Ah, se ela soubesse como a dor de não falar amarga a vida! Ah, se ela soubesse como as próximas voltas dão muito mais medo! Então, para que amar a saudade de um dia se a gente pode amar e falar do amor de agora?

3 de maio de 2021

10 livros de autoconhecimento que você precisa ler

Todo livro é uma oportunidade para se conhecer melhor, seja através de reflexões diretas ou de peregrinações imaginativas. No entanto, alguns livros me tocaram de forma especial e, através de cada um deles, aprendi uma lição que levarei para toda a vida. Aqui vão dez livros (de quatro continentes) que tiveram esse efeito em mim:

1. A coragem de ser imperfeito, Brené Brown

Essa carismática pesquisadora texana colocou em palavras ensinamentos sobre vulnerabilidade e conexão que eu já havia experimentado na pele e me deu as ferramentas para escrever o livro Coragem é agir com o coração. (Se quiser, faça como eu e comece pelo seu TED Talk, “O poder da vulnerabilidade”.)

2. Silêncio: na era do ruído, Erling Kagge

Quando voltei da minha viagem a Svalbard, uma amiga me recomendou esse livro lindo de um erudito explorador norueguês que consegue expressar como ninguém a beleza e a solidão do gelo. Com ele, aprendi a valorizar e cultivar ainda mais os momentos de quietude e introspecção.

3. O perigo de uma história única, Chimamanda Ngozi Adichie

Curtinho, porém poderoso, esse ensaio da premiada escritora nigeriana é um manifesto para sermos donos da nossa própria história e nunca desistir de contar a nossa verdade para o mundo. (Vale lembrar que o livro nasceu de um TED Talk.)

4. Amar e ser livre, Sri Prem Baba

Apesar do nome, Prem Baba é brasileiro, fato que só descobri quando terminei de ler esse livro, que me fez refletir profundamente sobre amor, expectativas e a importância de sermos radicalmente honestos não só com os outros, mas com nós mesmos.

5. Talvez você deva conversar com alguém, Lori Gottlieb

Nada traz tanto autoconhecimento quanto uma boa terapia. As histórias contadas por essa ex-roteirista – hoje psicóloga – norte-americana conseguem traduzir a beleza e a profundidade dessa relação/ experiência que é a psicoterapia, e ainda nos proporcionam lindos vislumbres da árdua tarefa de ressignificar experiências difíceis.

6. Sapiens, Yuval Noah Harari

Não, não é um livro de autoajuda, mas é uma obra sobre a humanidade e como chegamos até aqui. As fascinantes histórias e ácidas provocações do historiador israelense nos convidam a pensar: o que realmente importa e será que estamos caminhando em direção a nossos verdadeiros desejos?

7. 12 regras para a vida, Jordan Peterson

Enquanto alguns livros são carícias que aquecem o coração, outros são bofetadas que nos abrem os olhos para algumas verdades nuas e cruas, e o livro do psicólogo canadense se encaixa nessa segunda categoria. Eu gosto, em especial, das reflexões que ele faz sobre nossos aspectos sombrios.

8. O caminho do artista, Julia Cameron

Muito mais do que palavras para ler, este clássico, publicado originalmente em 1992, traz um programa de 12 semanas para destravar a criatividade, que inclui confrontar o crítico interior, fantasmas do passado e muitos outros exercícios elucidativos.

9. Aprenda a viver o agora, Monja Coen

Todo mundo sabe que sou fã dessa monja brasileira; ela tem uma capacidade incrível de revelar o que é simples e essencial. Neste livro, aprendi que nada exige nem desperta maior autoconhecimento do que a arte de viver no presente.

10. As coisas que você só vê quando desacelera, Haemin Sunim

Assinado por outro monge (dessa vez, coreano), esse livro não é como nenhum outro que já li. Versos singelos e imagens líricas parecem nos transportar a um lugar mágico em que sentir e pensar se mesclam, gerando insights inesquecíveis.

Qual desses livros você já leu? Quais outros você acrescentaria a esta lista?

29 de novembro de 2020

Como a comparação pode estar prejudicando o seu autoconhecimento

Como posso saber se sou legal, se não me comparo com a minha definição de uma pessoa legal? Se não tivermos cuidado, a mania de nos compararmos com os outros passa a ser uma forma muito cruel de definir o nosso valor na sociedade.

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Está com dificuldade de seguir em frente depois de uma relação que havia muito sentimento?

Quer dar a volta por cima e resgatar o seu bem-estar emocional?

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