Na semana passada escrevi um pouco sobre o dilema entre mudar e se aceitar, mas como somos estimulados a mudar muito mais do que a nos aceitar, hoje quero focar na autoaceitação. Vivemos numa sociedade altamente competitiva e aprendemos a medir o nosso valor em comparação aos outros. Estamos sempre “devendo”: não somos suficientemente bem-sucedidos, atraentes, ricos, inteligentes, cultos, evoluídos etc. etc.  Não é de se espantar, então, que a tal autoaceitação pareça tão inatingível!

Mas, para quem deseja estar mais em paz consigo mesmo, aqui vão algumas dicas:

1. Conheça-se de verdade.

O autoconhecimento é o ponto de partida porque não podemos nos aceitar sem antes nos conhecer. Isso requer honestidade, introspecção, coragem e tempo. Pode ser impulsionado por terapia (especialmente aquelas que exigem esforço e nos convocam a ver nossas sombras), por relacionamentos significativos, por mudanças inesperadas e pela escrita, entre outras coisas.

2. Pratique a autocompaixão.

Não adianta se conhecer e ficar se autoflagelando com exigências, culpas, remorsos e outras coisas que aumentam o sofrimento e a sensação de que você precisa ser diferente para ser alguém digno de amor e respeito. A autocompaixão não é o equivalente a passar a mão na cabeça dos erros cometidos ou das áreas em que você quer e pode melhorar; pelo contrário, é um antídoto contra emoções negativas fortes (ódio, vergonha etc.), que acabam sugando nossa energia e não nos permitindo avançar nos nossos projetos.

3. Leia bons livros, veja bons filmes.

Histórias nos inspiram a encontrar novos caminhos e novas compreensões. Por isso, não são uma “perda de tempo”, sobretudo quando são capazes de nos levar para lugares, sentidos e sentimentos que não costumamos experimentar. Estou falando do tipo de arte que não representa uma fuga, mas um potencial (re)encontro com partes esquecidas ou dormentes de nossa imaginação. Recentemente, um filme que me tocou muito – e que tem tudo a ver com a autoaceitação – é O som do silêncio (Amazon Prime), sobre um baterista de heavy metal que perde a audição.

4. Abrace suas paixões.

O que faz o seu coração cantar? O que lhe move sem que você precise se esforçar muito? O que lhe traz alegria, propósito, conexão? Estar envolvido com nossas paixões proporciona uma sensação de entusiasmo que tem tudo a ver com o estado de viver no presente que é um dos pilares da autoaceitação. Passar tempo com algo que o coloque nesse estado é essencial.

5. Seja paciente (e persistente).

Assim como não aprendemos a nos criticar da noite para o dia, não vamos nos aceitar como num passe de mágica. O caminho até a autoaceitação é longo, árduo e parece não avançar muito rápido no início. É que nem aprender a surfar depois de adulto. Primeiro temos que entrar na água fria, aprender a nos equilibrar, pegar a onda e tentar não cair (e vamos cair muitas vezes). É um processo demorado e difícil, porém bonito demais, mesmo quando uma onda vem e nos derruba. Faz parte, é só subir na prancha de novo e esperar a nova onda.