Volta e meia, quando sozinho, me coloco a pensar no que sinto. E como sinto... A saudade, o medo de nunca ser aquilo tudo, de continuar amando quem nunca mais se fez presente. Ainda não sei se sentir tanto como sinto é algo que me faz bem. Por um lado, vejo alegria nos detalhes e nos abraços que já dei, por outro, é grande a tristeza que vem por amar tanto, só por amar.
Acontece que, ultimamente, mesmo com a minha eterna pressa de ser feliz, estou aprendendo a esperar. Não a esperar que as coisas caiam do céu, que pessoas que nunca mais deram o ar da graça me liguem dizendo que estão com saudade, muito menos que, na esquina de casa, o meu coração volte a se abrir para o mundo. Mas a esperar que os meus sonhos e os meus amores sejam distribuídos e recebidos no tempo certo.
Algumas pessoas, ansiosas para ser felizes, não conseguem entender a virtude da espera. Esperar não é triste ou vergonhoso. Triste é não ter paciência para deixar que as alegrias cheguem naturalmente e descartar a possibilidade de permitir que o tempo traga as mais lindas e eternas coisas da vida. Fugindo da obviedade da palavra, esperar não é manter-se na inércia, mas, na tranquilidade, confiar que a sua falta de inércia, um dia, lhe trará resultados.
Então, sem saber o que ainda virá, a gente aguarda. Aguarda amar e ser amado, a morte, a felicidade que imaginamos existir, a prova de que podemos mudar... E, de espera em espera, chegamos a achar que um novo amanhecer tem como obrigação renovar as nossas esperanças. De vez em quando é isso que, de fato, acontece. Mas, às vezes, a gente só lembra um pouco mais da dor de ontem. Perde a razão. Não quer sair da cama. Deseja sumir para um mundo onde há amor demais – ou nenhum amor.
Nessas horas, só nos resta ficar em silêncio e seguir em frente. Esperar. Continuar acreditando que o amor existe, que a vida saberá distribuir momentos de alegria para cada um de nós e que o mundo há de ser lindo e realizador, como a gente sonha. Esperar é acreditar no porvir. É entender que contra o tempo a gente não pode lutar, então sejamos amigos dele.
Agora, tomando um café já altas horas da noite, continuarei aqui, quietinho, fazendo o que posso; esperando o meu amor, os meus sonhos, as minhas alegrias e doando sorrisos às bocas que ainda me fazem companhia.
E para o meu amor que está por vir: saiba que, sem esperar, eu só te espero.