Por que me puno tanto por tomar decisões, se depois elas se mostram certas? Por que me julgo cruel por ter atitudes que eu sei que vão me fazer bem? Por que me boicoto em ocasiões que são lindas oportunidades de amadurecer
Esses foram questionamentos que me fiz antes de dormir, em um diálogo que só aconteceu na minha cabeça. Adormeci com a imagem de um enorme e severo juiz, e ele tinha o meu rosto.
Naquela noite, tentei compreender como conseguia perdoar os outros com mais facilidade do que perdoava a mim mesmo. Observei como, muitas vezes, a punição que eu me impunha era maior do que o próprio delito. Seria essa a maior injustiça que podemos cometer contra nós mesmos? Dizer que amamos os outros, mas nem sequer tirarmos um tempo para nos amar? Por que temos um olhar tão condescendente com os outros enquanto somos tão críticos com nós mesmos? Na escuridão do quarto, essas perguntas surgiram como uma fresta de luz pela janela.
Muitas vezes me perdi em culpas que nunca foram minhas. Me coloquei em situações naufragadas por um mar de empatia com o outro, mas sem uma gota de compaixão por mim mesmo. Por outro lado, se o olhar empático para o mundo é tão necessário, por que o mesmo olhar voltado para si não seria? Se eu pudesse sorrir para mim da forma como sorrio para os outros, se eu pudesse dar a mim mesmo o carinho que dou aos outros, se eu pudesse ser comigo o que tanto insisto em ser para os outros, talvez conseguisse dormir sem me punir tanto por tomar decisões necessárias.