Desde que eu era criança, minha mãe sempre me dizia para me relacionar com alguém que me fizesse sorrir. Não somente sorrir, mas rir também. Rir no semáforo enquanto colocamos alguma música brega para tocar; rir no dentista pois morro de medo dos barulhos que aquelas bugigangas fazem; rir no cinema de qualquer coisa, seja Woody Allen, seja Debi & Loide; rir no restaurante quando a gente não sabe como comer algo chique, e aí, logo após, rir porque a gente pediu um prato caro e não tem dinheiro para pagar, mas depois a gente pensa nisso... Dá para pagar com risos? Ver alguém gargalhar é uma sobremesa que a gente economiza para comer aos pouquinhos. É muita alegria para acabar tão rápido. E se for quem a gente ama então...

Convenhamos: namorar, casar, dividir o leito ou só dar uns beijos com gosto de bala de hortelã – pois, você quis vê-la rapidinho no intervalo da aula da faculdade, mas está com mau hálito porque passou o dia inteiro na correria e não come faz horas – com quem te faz rir é um passatempo que não se repete. Todo riso é novo, todo beijo tem alegria, toda risada tem beijo.

Beijar rindo é muito bom. É gostosinho, é simples, é grande de tão pequeno.

Lembrando agora das relações que tive, fico pensando como consegui ficar com tantas pessoas que não me faziam rir... E a gente fica insistindo, achando que podemos ceder um pouco mais, ver outras qualidades, ajeitar aqui ou acolá. Mas, infelizmente, não é assim que as coisas funcionam. Rir é indispensável! É uma qualidade que vem com contrato vitalício. Pessoas enjoadas, que reclamam do sol e da sombra, do beijo e da falta do beijo, da maneira como os outros riem ou não riem, são fardos pesados demais para se carregar nos frágeis ombros da vida.

Diferente de muitos, eu quero um amor para rir de doer a barriga! Rir sem vergonha da altura da risada, do local ou de alguém achar que a gente é idiota, até porque a gente é! Quando se ama e se consegue rir com o outro, a vida fica leve, fácil, vira pluma, flui, flutua... Ter ao lado alguém que nos faça rir é ter um remédio diário para nos curar da crise no amor, na economia, no coração, e na confusão que há dentro de nós.

Desconfio de pessoas que pensam demais para rir. Para rir não precisa de pudor, de escolha, de saber o que “merece” a sua risada ou não. Deixa de ser besta, ri aí! Se solta, relaxa, dança, passa vergonha, vem com a gente! A gente sabe viver, amar e responder a vida sorrindo! Então, só ri, que o resto a gente decide amanhã...

PS: Tudo bem, também não precisa acordar rindo. Seria demais. Pessoas que acordam rindo, sem dúvida têm algum pacto demoníaco evidente. Pessoas normais acordam sofrendo, mal, não querendo levantar, ficando em posição quando se abrem as janelas. Temos limites.