A minha sensibilidade é como uma chave que abre um portal para outra dimensão. Por conta dela, sou transportado a lugares mágicos, cheios de beleza e de histórias comoventes. Nessa dimensão, as cores são mais vivas; as dores, mais agudas. Os olhos ficam mais aguçados, mas o que enxergam tanto encanta quanto entristece, e as lágrimas são forçadas a trabalhar uma dupla jornada. O coração perde a couraça. Porque, nesse lugar, não podemos carregar armaduras; assim, ele se abre e se expande, ficando em sintonia com tudo ao redor.
O problema desse portal é que muitas vezes é difícil encontrar a saída. E estar nesse lugar é exaustivo, dói. É um poço sem fundo, e preciso subir para respirar. Giro em círculos, buscando um retorno ao mundo concreto, e crio redemoinhos de questionamentos e dúvidas. Preciso ficar leve para subir à superfície, mas estou pesado por carregar tantas emoções dentro de mim.
Minha sensibilidade me leva a lugares a que eu nem sempre gostaria de ir. Ela faz as dores parecerem intermináveis, aperta o coração em momentos imprevisíveis. Mas com o tempo aprendi a conviver com a intensidade que ela traz e a separar suas qualidades das suas dores. Compreendo que minha sensibilidade é um olhar atento e receptivo ao mundo, mas que cabe a mim direcioná-lo para o que realmente importa.