Há cansaço em toda parte. Em todas as esquinas existem pessoas cansadas buscando alívio e compreensão em pessoas que também estão cansadas de não serem compreendidas e amadas. Dizem, inteiramente cansadas de conversas protocolares e respostas prontas, que as pessoas interessantes devem ter ido morar em algum lugar bucólico, arborizado, com poucos seguidores e – claro! – o Instagram fechado.

As pessoas ainda sabem conversar? Onde os arrepios se esconderam? Por que o amor não é mais como no tempo dos meus avós? Onde estão as pessoas interessantes como eu? – perguntam os cansados em tom de indignação e sapiência.

Aos cansados, respondo: o que não falta neste mundo são pessoas interessantes. Encontro elas todos os dias. Em todos os lugares. Talvez elas não sejam tão descoladas como na sua imaginação, mas acredite; elas existem. Existem e são autênticas – e autenticidade não tem a ver somente com a cor do cabelo, mas também com o fato de se aceitar tedioso. Cientes da sua simplicidade, pessoas interessantes caminham calmamente por aí, silenciosas e bem resolvidas com as suas imperfeições. Até porque pessoas interessantes sempre carregam uma mochila de imperfeições consigo.

Se as conversas lhe parecem todas iguais, por que você não faz perguntas diferentes? Se ninguém do seu círculo compreende as tuas dores e aspirações, por que você não conta para outras pessoas? Se todos os que lhe batem a porta parecem pouco interessantes para você, por que você não nos ensina como sermos mais interessantes?

A falta de paciência que existe no amor atual, é reflexo da falta de paciência que carregamos diariamente conosco. Somos impacientes, por isso não amamos. Somos inconstantes e indecisos, por isso não amamos. E não ao contrário. As pessoas interessantes e dispostas a amar estão por aí aos montes, mas será que estamos tendo sensibilidade e paciência para percebê-las e nos conectar com elas?

A questão não é sobre querer amar acima de tudo, como uma utopia a ser realizada para sentir-se completo, mas sobre estar disposto a ter paciência para ver amor no comum, no tédio, na calma. É sobre disposição, não somente sobre o fogo das emoções. 

E a pergunta que fica é: será que você está tendo paciência para amar ou somente para ser amado?