Tem coisas que acontecem de repente, sem aviso prévio, e são como um presente vindo dos céus. Elas chegam no tempo certo, parecem sob medida para nossa vida, por mais que estejamos descrentes da possibilidade de sermos surpreendidos. O destino é tão sábio em distribuir imprevistos, em pilotar o tempo! Esse irônico ser adora brincar com nossos sentimentos, mexer nas gavetas da nossa cabeça e do nosso coração, e a nós só resta nos deixar levar, até porque não podemos fazer nada contra ele.
Ele chega numa manhã despretensiosa ou numa noite vazia e nos põe cara a cara com uma situação que marcará ou mudará nossa vida para sempre. Traz o novo, que muitas vezes nos assusta e nos confunde. Precisamos estar preparados para receber a energia vibrante e nova que o destino nos traz, sempre com seu sorriso debochado. Precisamos estar de coração aberto para perceber suas boas, ou confusas, intenções. Precisamos ter a alma aberta para recebê-lo e compreendê-lo com a calma que ele pede.
O dia a dia corrido, maluco, que vivemos atualmente, marcado pelo imediatismo, pela urgência, pela falta de tempo, por emoções rasas e de sinceridade duvidosa, nos torna míopes para a presença sutil e criativa do destino. Assim, envolvente, sedutor e de humor afiado, ele se aproveita disso para nos deixar morrendo de vergonha, fora do eixo, sem palavras diante das situações mais absurdas que é capaz de criar.
Eu adoro a inquietude do destino, que não se cansa de chacoalhar nossa árvore de emoções, a ponto de nos deixar atordoados, surpresos, mas, acima de tudo, de nos fazer sentir vivos. Muitas vezes brigamos com ele, corremos na direção contrária para tentar escapar de suas armadilhas... Tudo em vão. Ele refaz o cerco, muda alguns elementos, e pronto: lá estamos nós presos em sua armadilha novamente. Reféns de nós mesmos.