O título deste artigo é uma frase da crônica “O gigolô das palavras” de Luis Fernando Verissimo. O trecho completo que eu queria destacar é: “Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo, mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover…)”

Mas será que isso vale para todas as circunstâncias?

Eu acredito que sim – porém com algumas ressalvas. 

1. Quem você é.

Não podemos negar que, em alguns círculos e profissões, erros de português são menos aceitáveis do que outros. É mais grave um editor, professor ou publicitário cometer erros de português do que um economista, engenheiro ou chef de cozinha. Afinal, os primeiros trabalham com as palavras, enquanto os últimos são pagos por outras competências. Por isso, errar a ortografia de uma palavra ou uma concordância “pega menos mal” se você não trabalha (diretamente) com a escrita.

2. O tipo de erro.

É fato: alguns erros de português incomodam mais do que outros. Por exemplo, veja a frase: “A maioria dos brasileiros se consideram anciosos”. Qual erro chama mais atenção? Se você é como eu, “ancioso” (um erro de ortografia) salta aos olhos mais do que o uso do plural (um erro de concordância). A sensação que eu tenho é que quanto mais comum a palavra, maior a expectativa que temos de que as pessoas não cometam erros. 

3. O contexto.

Errar o português numa conversa com amigos ou numa mensagem de whatsapp para o grupo da família é uma coisa: errar o português numa apresentação para o chefe da empresa é outra, certo? O contexto é tudo. Infelizmente, existe algo chamado “preconceito linguístico” – isto é, o julgamento cometido por “erros” ou desvios da norma culta – e num contexto mais formal e que envolva mais gente, maior a chance de você ser julgado caso cometa algum erro.

E então, o que fazer?

1. Saiba que só não erra quem não tenta. Por isso, é melhor errar (e aprender) do que deixar de fazer.

2. Leia mais. É lendo que você vai introjetando as regras da língua e, por consequência, cometendo menos erros.

3. Use o corretor ortográfico e, se necessário, o dicionário. Eu gosto do corretor do “google docs” e do dicionario (www.dicio.com.br).

4. Para textos muito importantes – apresentações, teses, relatórios – contrate um revisor. Vale a pena.

5. Perdoe-se pelos erros que comete ou já cometeu. O constrangimento é muito mais grave do que o erro e, como disse o mestre Verissimo, o importante é se comunicar.

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