Sempre considerei que um bom relacionamento é aquele em que as duas pessoas se completam ao máximo. Namoro tem que ser grudado, coisa de pele, de toque, de cheiro, dois em um, mas, acima de tudo, tem que ter cumplicidade e confiança.
As relações duradouras dependem de cumplicidade, e cumplicidade é algo que se conquista, um estado de entrega e devoção. Ela acontece quando dois seres caminham juntos e misturados em busca de algo que dê à vida um pouco mais de sentido. Parceiros de algo incompreensível para quem está de fora. Esse talvez seja o grande diferencial de viver em cumplicidade. É um viver dois em um, dois que se somam para se tornar quase imbatíveis nas questões cotidianas e que nem sempre são entendidos por quem os cerca. É quase um isolamento no qual um se recarrega com a energia do outro. É um mais um que resulta em mais do que dois. Porque existe a vida de cada um e existe uma terceira vida que nasce da soma das duas, muito maior, muito mais abrangente, muito mais bonita e invejável.
Sim, esse tipo de relação gera inveja, mau agouro. Muita gente almeja e não alcança uma relação assim, e aí começam as críticas, as falsidades, tudo para tentar romper o vínculo tão raro e desejado que é a cumplicidade entre dois seres.
Existe cumplicidade também nas amizades. Aliás, não é difícil encontrar relações de amizade assim. São relações entre pessoas que são confidentes, que guardam segredos íntimos, que dividem sentimentos profundos – algo que beira o inexplicável. É mais que amor, é cumplicidade.
A cumplicidade é, enfim, uma teia que une pontos obscuros da alma de um com pontos brilhantes da alma do outro. Ela cresce quando há um ambiente propício; a sinceridade é o oxigênio que ela precisa para respirar e se propagar. A cumplicidade torna seus hospedeiros pessoas mais fortes e felizes, pois têm na outra parte algo rico e digno de orgulho.
Se você é capaz de ser cúmplice de alguém, parabéns! Se não, exercite a cumplicidade. Permita que ela se entremeie na sua alma e nas suas atitudes e, principalmente, reconheça quem ao seu redor merece receber tal dádiva.