Quantas vezes fui extremamente corajoso durante a madrugada, planejando palavras e ensaiando diálogos, aguardando o amanhecer para colocá-los para fora. Mas de que adianta dormir com toda a coragem do mundo, se acordamos com aquele eterno medo do amanhã? De que vale planejar palavras lindas, escritas pelo coração, se nos calamos diante de fantasmas imaginários?

Coragem é tapar os ouvidos quando o medo usa seu canto para nos persuadir a não fazer nada. A coragem tem muito de pequenos atos cotidianos e pouco de grandes gestos. Não é sobre um salto de paraquedas, mas sobre um “oi” dito assim, do nada, para alguém que despertou seu interesse no terminal do aeroporto. Não é sobre uma viagem distante para uma cultura que não sabe o significado da palavra “saudade”, mas sobre fazer uma ligação difícil que precisava ser feita, mesmo com a voz embargada.

Não é sobre não ter medo, é sobre ir apesar do medo. Não é sobre o outro, é sempre sobre você.