A rodopiar em busca de conforto, lembro dos beijos que não serão mais presentes. Nas tardes que passo junto a um céu nublado, lembro como seria gostoso estar ao lado de quem tanto amo. Ao deitar, fico na cama feito areia movediça, me perdendo em imagens que sou incapaz de questionar a chegada; na possibilidade de um futuro, burramente ainda creio na ilusão de ser feliz com você
Em busca de desculpas para não te esquecer, me castigo acreditando em um amor que claramente se faz unilateral. E, no momento em que sinto saudade, estufo o peito, bato na sua porta e, com um sorriso no rosto, me abro em flor para dizer o que ainda sinto por você, e quando me pergunta o porquê do meu ressurgir, nunca sei o que responder. Infelizmente, achei que dessa vez seria diferente, mesmo não tendo motivos nem novidades; ainda estou com toda a saudade do mundo.
Sem receber o carinho que meu ouvido gostaria, deixo o silêncio vir e responder por mim. Sabendo que, algumas vezes, soletrei para você tudo o que eu sentia, hoje me prescrevo a esquecer você em doses homeopáticas. Não quero mais te procurar, mesmo quando eu achar que a retórica possa ser convincente. Preciso me convencer que sou compositor do meu destino, ainda que essa seja só mais uma mentira de quem não sabe onde colocar todo o amor que sente.
Deixando alguns rastros de incompreensão, me sinto triste e, junto a um aperto sem fim no coração, vou, aos poucos, saindo de cena, dizendo adeus, mesmo sem nem abrir a boca. E mesmo querendo encher seu coração de palavras bonitas, não há inflação verbal que retome o amor que já existiu. O silêncio é a diálogo que o fim precisa para acontecer.
Hoje, sei que a melancolia de tentar esquecer quem se ama torna qualquer noite de tristeza eterna. Então, por favor, voa tempo, me hospeda em um momento de alegria, e mesmo sendo contra às vontades do coração, me deixa esquecer quem já deixou claro que me esqueceu.