Amadurecer é aprender a dizer adeus, mesmo quando ainda há amor. É parar de dar corda para algo claramente sem futuro. É dar alvará para o coração sentir medo e, nem de longe, ter vergonha de admitir isso. Amadurecer é dizer o que sente sem se justificar, principalmente quando as justificativas existem somente para nos proteger dos julgamentos alheios.

Amadurecer é procurar paz, e, caso venha acompanhada de um amor, tiramos a sorte grande! É procurar calma na maneira de amar, reciprocidade nas atitudes e sensibilidade nas palavras. Ser maduro no ato de amar é conservar a liberdade do outro sem pedir nada em troca, é poder, sim, sentir um pouco de ciúmes, mas controlar a impulsividade. É, muitas vezes, durante uma discussão, ficar irritado com o outro, mas, em vez disso, pegar sua mão e, com a ponta dos dedos, desenhar um carinho. Convenhamos, ser feliz é muito mais gostoso do que ter razão.

Amadurecer é sofrer com propriedade e por muitos momentos sentir-se perdido em um mundo que cobra tanto que sejamos outras pessoas. E entender, ou fingir que entende, que a solidão é um contato diário com a coisa mais bela que carregamos conosco: a nossa desorganização interior.

Amadurecer é, por muitas vezes, pedir um suco de laranja em vez de uma cerveja, por saber que amanhã o despertador vai nos infernizar às seis da manhã. É lembrar de telefonar para algum parente para quem não ligamos faz tempo, só para, sei lá, aliviar a consciência. É pagar as contas e, antes de dormir, fazer cálculos e nos questionar até quando a falta de dinheiro será uma constante. É cansar das pessoas e muitas vezes querer sumir por aí. Amadurecer é aprender a dizer “não” sem se sentir culpado por dar prioridade a si.

Amadurecer é abrir a cabeça em momentos que pedem empatia, é pensar antes de falar e não dizer tudo o que lhe vem à mente. Amadurecer é compreender que estar com a autoestima em dia é ter a segurança de falar sobre as suas inseguranças. É ser triste, feliz e maluco, tudo no mesmo dia, e não se culpar por isso. É também não julgar os nossos desejos sexuais – até porque quanto mais desvairados, melhor –, nem nos sentir estranhos por carregar conosco encantadoras imperfeições.

Ninguém amadurece sem sofrer, sem sentir o apertar do bolso e do coração, sem chorar logo pela manhã ou ao final do expediente, sem admitir para si mesmo a solidão que carrega no peito, os fracassos e as belas gordurinhas que envolvem o seu corpo. Amadurecer é um estado lindo de consciência, calmaria e igualdade entre as pessoas.