Vou contar um segredo: sempre achei que existem pessoas que têm poderes nas mãos. Eu sei que pode parecer louco, mas o que nesta vida não é? Tive sorte de esbarrar, e até amar, algumas pessoas que tinham um toque diferente, especial, um poder nas mãos, que mexia com o corpo e arrepiava a alma. Talvez elas transmitissem uma energia especial, que transcende as coisas terrenas.
O toque para mim é uma das coisas mais importantes tanto no sexo quanto no amor. As mãos têm uma magia linda que consegue criar sensações únicas e inexplicáveis. Com elas contamos histórias e conseguimos transportar a pessoa que tocamos para dentro do nosso universo, nem que seja por um breve instante, para mostrar o que há em nosso íntimo. O toque é como uma conversa divertida e sincera, que flutua entre risos, e faz com que possamos narrar o que já vivemos e o que ainda gostaríamos de viver. Ele nos faz querer que o tempo não passe, e ele quase para mesmo, já que entramos em um momento que tem a duração do infinito.
Brincar de tocar no corpo de alguém, descobrindo e desvendando suas curvas, em uma oportunidade única de encontro, é uma das experiências mais gostosas que se pode viver. O toque atrai, conecta, traz proximidade e informações sem palavras. É a energia da intimidade pura fluindo entre duas pessoas.
Uma vez, recebi uma massagem que eu chamaria mesmo de transcendental, feita por uma pessoa com quem me relacionei. Era a primeira vez que saíamos. Estávamos deitados e ela começou a me massagear as costas. Eu não havia pedido ou dito que gostava, e nem ela anunciou o que iria fazer, tampouco pediu o mesmo em troca. Somente sentou-se sobre minhas costas, me colocando de bruços, e começou a flertar com minha pele. Foi a coisa mais mágica que já senti, muito além de todas as loucuras sexuais que já experimentei. E não pela massagem em si, mas pelo que emanava das mãos dela.
Quando tocamos em alguém, ou quando tocam em nosso corpo, transferimos nossa energia para aquela pessoa, deixando nela vibrações boas ou ruins. Deveríamos prestar mais atenção nas pessoas com quem trocamos energia, valorizando mais o toque, o beijo, os abraços, sentindo-os com verdade, com profundidade, e não apenas de maneira superficial. Não só na pele.
Não quero dizer com isso que não podemos nos entregar às aventuras da vida sem ter maiores compromissos, ou que a intimidade exija amor. A magia do toque não implica em estar amando necessariamente, mas está ligada aos relacionamentos, às relações – sexuais, afetivas, amorosas e até de amizade – que façam sentido, que tenham verdade e uma energia mútua entre duas pessoas.
É como se elas precisassem viver juntas aquele momento, sem se preocupar com o tempo de entrega, apenas com o que há em um toque, tendo ele demorado um breve instante ou esteja perdurando por anos. Porque quando estamos nessa energia mágica, não precisamos nos preocupar com o tempo, já que o toque faz tudo parar.