Baixinha e com um sorriso que me faz girar feito roda-gigante, nesses últimos dias ela brincou, com toda a leveza do mundo, com meus melhores sentimentos. Fez esse coração, que sempre foi dotado de pouca ansiedade, dançar em ritmo de carnaval. Só espero que não acabe na próxima quarta-feira de carnaval; os beijos dela são coloridos demais para terminarmos em tons de cinza.

Com um coração aventureiro de São Paulo e um sorriso-água-doce de Santa Catarina, ela gosta da natureza como gosta de dançar em plena rua. Sorri quando fica com vergonha dos meus elogios, beija quando as palavras se repetem, se aninha em meu peito quando o tempo custa a passar. Em resumo, ela é refrão... enquanto eu sou só as notas finais de uma música qualquer.

Enquanto adiciono mais sal na comida sem necessidade, ela corre entre as gôndolas do mercado em busca de manteiga clarificada. Enquanto ela renova as energias na natureza, eu pergunto se há sinal de telefone aonde vamos. Enquanto ela passa o dia na praia amorenando, eu custo a entrar no mar e sujar os pés de areia. Enquanto falo por dois, ela escuta com paciência meus devaneios. Enquanto ela tempera o broto de alfafa na esperança de melhorar um gosto que, a meu ver, é inexistente, eu me perco nos sabores das pizzas mais fantásticas que existem.

De fato, a gente não combina. Ela é muito Califórnia, eu sou muito Nova York. Mas, mesmo não combinando, continuo a despir cada silêncio dela com os meus melhores beijos. A verdade é que estou apaixonado, mas é melhor eu falar baixinho. Vai que ela escuta... e do jeito que é convencida, será um caso sério de poesia.