Um dia te disseram que você devia desapegar. Que devia se afastar dos sentimentos, dos amores e das pessoas que pudessem invadir sua privacidade emocional. Como se o desapego fosse um antídoto contra o sofrimento, como se isso transportasse as pessoas com más intenções para um universo distante e paralelo. Como se desapegar fosse a solução definitiva para os problemas de quem fez escolhas imperfeitas no amor. Mas como você vai amar com maturidade se fugir toda vez que o amor der as caras? Do que você quer tanto se proteger?
O pior é que vejo pessoas se colocando em um pedestal por não se apegarem, como se isso fosse um objetivo a ser alcançado, um superpoder. Triste. Como sempre digo, amar sem se colocar em uma situação de vulnerabilidade é impossível. E deixar de amar pelo eterno medo de sofrer é uma conduta pobre demais. Você tem que se desapegar das coisas que te fazem mal, mas não das emoções. Buscar autoestima, se proteger de situações que sugam seu amor-próprio, se resguardar depois de uma relação turbulenta, por exemplo, são atitudes inteligentes, diferentemente de cultivar o desapego e a falta de responsabilidade. A gente precisa aprender a se apegar, sim, só que precisa aprender a selecionar as pessoas em quem vamos depositar nossas esperanças.
Nunca deixe que te digam que desapegar é uma maneira de não sofrer. Na verdade, o desapego só posterga os aprendizados que amar outra pessoa traz. E é bom que você saiba desde já que os sofrimentos são inevitáveis; é preciso aprender a lidar com eles. Para receber um amor, além de estarmos abertos a amar, precisamos estar preparados para a hora do adeus. Achar que você pode driblar a dor de sofrer por amor é uma ilusão. Por isso, ouça mais o seu interior do que a opinião de pessoas que pouco sabem sobre amar.