Não vou mentir: estou passando pelo meu pior momento desde que a pandemia da Covid-19 começou. A magnitude das perdas, a saudade dos amigos e do sol sobre minha cabeça, a ausência de uma luz no fim do túnel… Tudo isso tem me deixado mais ansioso e melancólico, e sei que não estou sozinho. E, por mais que seja possível se distrair desses sentimentos com o trabalho, as intermináveis tarefas domésticas e o entretenimento constante dos serviços de streaming e das redes sociais, tem hora que os sentimentos borbulham para a superfície.
E então? Como lidar com eles (com ferramentas que estão à nossa disposição)?
Seguem abaixo alguns exercícios que têm funcionado para mim:
1. Escrevendo para aliviar o peso.
Se você já viu O Sexto Sentido – ótimo filme, super recomendo – talvez você lembre do momento chave em que Malcolm (Bruce Willis) explica para Cole (Haley Joel Osment) que os fantasmas que o atormentam só querem ser ouvidos. Acredito que o mesmo acontece com nossas emoções. Por isso, um exercício que me traz alívio imediato é colocar tudo no papel: descrevendo o que estou sentindo, quais os pensamentos que surgem e as emoções que vêm de carona. Despejar tudo ali, no caderno (ou no notebook), é catártico: automaticamente me sinto mais leve.
Dicas: escreva rápido, sem pensar muito e pare quando o ritmo dos pensamentos estiver mais calmo.
2. Escrevendo para se conectar com a alegria.
Enquanto o primeiro exercício é para colocar para fora o que está causando sofrimento, este é para colocar para dentro o que tem de belo, calmo e encantador. Essa escrita pode ser descritiva – uma tentativa de capturar a beleza da luz da manhã entrando pela janela, por exemplo – mas também pode ser sonhadora – relembrando um momento feliz ou imaginando uma experiência boa. Um devaneio filosófico também funciona. Esse tipo de escrita expande os horizontes; sempre me sinto mais esperançoso e conectado.
Dica: Use a luz natural ou tenha uma janela por perto; a natureza facilita essa conexão.
3. Escrevendo para sentir gratidão.
Tem várias formas de fazer isso. Você pode ter um bloco ou caderno para escrever 3 ou 5 ou 10 coisas pelo qual você se sente grato toda noite. Você pode escrever pequenos bilhetes ao longo do dia e colocá-los num pote de vidro ou pregar na geladeira. O importante é se conectar com pequenas alegrias; colocando-as no papel para torná-las mais concretas, menos efêmeras.
Dica: Se seus motivos de gratidão envolverem terceiros, compartilhe o sentimento com eles. É quase tão bom quanto um abraço.
E vocês: o que têm feito para manter a sanidade nesse momento? Compartilhe suas dicas comigo.