No meu curso Escrita e Autoconhecimento, dedico um bom tempo para alertar contra o crítico interior – aquela voz negativa que sempre parece querer ajudar, mas que acaba sabotando nosso planos, nos mantendo presos na nossa zona de conforto. Com frequência, as críticas chegam num volume tão ensurdecedor que nós acabamos cedendo: “Ok, ok, você está certo. É melhor eu não escrever essa história”. E aí ligamos o Netflix, nos distraímos e não produzimos aquilo que tanto sonhamos. Uma lástima.
Mas matar o crítico interior é um erro igualmente grave. Porque o nosso senso crítico tem uma importância enorme na segunda fase da criação de qualquer texto: a fase da edição. E isso vale para um email, uma apresentação, um artigo acadêmico, uma tese, uma crônica, um livro inteiro. É importantíssimo dedicar tempo e esforço para reler o que você escreveu, de preferência com a mente descansada. E, nessa hora, chame o crítico interior para participar. “Amigo, agora sim eu gostaria do seu input”.
Pergunte-se:
- O texto está claro?
- O meu objetivo com esse texto foi comprido?
- O que poderia melhorar nessa frase, nesse parágrafo, para tornar o texto ainda mais efetivo?
- Faltou alguma coisa: informação, emoção, tato?
Escrever bem acontece em duas etapas: escrever e depois melhorar o que foi escrito. O crítico interior, que tanto nos atrapalha na primeira etapa, é primordial na segunda. Em seu Master Class ensinando a escrever thrillers, Dan Brown – autor de O Código Da Vinci e outros best-sellers – diz que “a diferença entre bons e maus escritores é que bons escritores sabem quando escrevem mal”. Ou seja: até bons escritores escrevem mal de vez em quando. A diferença é que eles usam o seu senso crítico para melhorar.