Há dias que acordo com um aperto no coração que não sei de onde surgiu, muito menos onde se escondeu durante todo esse tempo.
– Onde escondo você? – me questiono, enquanto tento entender o que sinto.
Quando acordo com este sentimento sei que o dia inteiro será assim: uma falível tentativa de equilibrar as minhas emoções. Não haverá trégua até o despertar do próximo dia. Não haverá descanso até que essas emoções se cansem de mim. De maneira irônica, sempre tento lutar contra o infestar desses sentimentos, remar em direção a correnteza, fingir que nada está acontecendo, levar a profundidade para o raso… tudo vem vão. O controle não está em minhas mãos. E que ignorância achar que poderia ser diferente.
Este aperto, que costuma surgir em dias de reflexões melancólicas e silenciosas, me força a pensar sobre devaneios que não gostaria de enfrentar. E pior, anseia que eu saiba responder tudo de prontidão; Será que estou caminhando para onde eu realmente gostaria? Será que estou buscando no lugar certo que os outros aceitem quem sou? Será que estou me esforçando para mudar ou somente reclamando dos que não mudam? E do que adianta afirmar, tantas vezes, não querer mais viver certas situações se não me afasto delas?
O verbo “apertar” sugere dor, mas não é o que acontece. O aperto não me imerge na dor, mas estremece meu senso de direção, e pior, me faz revisitar inseguranças que jurava estarem no passado. E, se existe algo que sei bem, é como ter longas conversas com as inseguranças de que prometi me despedir. Mas eu menti para mim: elas nunca foram embora.
As emoções não são objetos em prateleiras; não escolhemos o que queremos sentir. Eu sei plenamente disso! Sei também que todo amanhecer é um novo pedido aos céus por calma. E nem todos são atendidos.
Enquanto escrevo estas palavras, lateja a minha cabeça. Deve ser de tanto rodopiar e esbarrar em perguntas, emoções, anseios. Amanhã encerro uma década para entrar em outra. Ouvi dizer que nela há menos julgamento e mais autoaceitação. Tomara.