Sempre gostei de aprender: sobretudo, o aprendizado contínuo que adquirimos fora das salas de aula, mas também do conhecimento clássico, transmitido bons professores. Tenho grande admiração pelos professores que tive, aqueles que abriram a minha cabeça, despertaram a curiosidade e faziam aquilo com paixão e propósito. A admiração era tanta que, até pouco tempo, nunca havia pensado em ensinar nada. Afinal, quem sou eu para ensinar algo a alguém?
Mas lembrei que essa mesma construção – “quem sou eu para x, y, z?” – foi o que quase me fez deixar de escrever, de compartilhar meus textos, de publicar meu primeiro livro etc. Resolvi, então, vencer o medo e ir ao encontro da tal zona de desconforto, onde acontece a magia. Negociei com o meu crítico interior e me dediquei a estudar, a refletir e a criar um projeto em que eu poderia me experimentar nesse lugar de professor com um mínimo de legitimidade.
Precisei descontruir um pouco essa imagem de professor, confesso. Não poderia mais ver o professor como alguém que está acima – dos alunos, do bem e do mal, do questionamento. Lecionar, para mim, não é sobre me colocar numa hierarquia, numa posição autoritária ou arrogante: “eu sei, você não sabe, então vou lhe ensinar.” Não é via de mão única. Transmitir o que eu aprendi – o que sigo aprendendo, com os livros, os cursos e a vida – para quem tem interesse e paixão pelas mesmas coisas é me colocar a serviço de uma grande troca: eu, “professor”, ensino e aprendo, e os meus alunos não apenas aprendem, como me ensinam.
O espaço de troca criado por um curso é algo muito engrandecedor. Você cria um conteúdo, mas não tem como mensurar como ele afetará o outro. Você monta um exercício, e não sabe o que será despertado no outro ao respondê-lo. Mais supreendente ainda é ver como você mesmo passa por uma transformação quando busca transmitir algo que lhe é precioso para outra pessoa, um estranho. Lembro da frase de Doris Lessing, vencedora do Nobel de Literatura (2007):
“Aprendizado é isso: de repente, você compreende alguma coisa que sempre entendeu, mas de uma nova maneira.”
Quando me permiti ocupar esse lugar de quem ensina, paradoxicalmente, me abri a novos aprendizados. Precisei tirar meus antigos professores do pedestal e, ao fazê-lo, vi que são algo muito mais interessante: humanos. Juntar-me a eles não é, portanto, um ato preponte, mas um reconhecimento de humildade, de que estamos todos aqui para aprender e ensinar, dar e receber, servir de instrumento e instrumentadores para uma experiência mais rica, interessante e gratificante.
A grande escritora Tori Morisson disse: “Se há um livro que você deseja ler, mas ainda não foi escrito, você deve escrevê-lo”.
Intuitivamente, foi o que fiz para construir o meu primeiro curso, Escrita e autoconhecimento: a arte de se encontrar através da palavra. O curso é para quem quer se autoconhecer, se comunicar de forma mais autêntica, desenvolver o hábito de escrever e aprender a lidar melhor com as suas emoções.