Há alguns anos, fui surpreendido com uma descoberta sobre mim mesmo. Percebi que sei expressar o meu afeto. Parece simples, mas para mim foi uma grande revelação, uma conquista. Palavras carinhosas que sempre tive vergonha de pronunciar começaram a sair da minha boca como se fossem velhas conhecidas. Com um sentimento apreensivo de novidade, contei histórias que, durante anos, fingi não serem minhas, por receio do julgamento alheio. Deixei meus maiores traumas e defeitos respirarem. Acima de tudo, me permiti ser vulnerável. E descobri que não há nada melhor do que se sentir bem em compartilhar quem realmente somos.
Eu, que sempre fui tão tímido e envergonhado, que passei anos me esforçando para ser aprovado pelos outros, descobri na pele como a vulnerabilidade pode ser a chave para experiências ricas e profundas. Por que guardar palavras dentro de si quando elas podem despertar a admiração do outro por nós? Esperar que a iniciativa sempre venha do outro é desperdiçar tempo na fila das situações fantásticas que nunca aconteceram.
Pesquisei mais sobre o assunto e descobri o trabalho da escritora e palestrante Brené Brown, uma assistente social que se especializou em estudar a vulnerabilidade e a vergonha, sentimentos que eu já conhecia intimamente desde garoto. Vi vídeos TED Talks e filmes, li livros e mergulhei profundamente nesse universo para escrever o meu último livro e, sobretudo, para me desenvolver como pessoa.
A vulnerabilidade não tem uma melodia tão doce. A própria etimologia revela uma origem amarga: a palavra vem de vulnus, que significa “ferida”, em latim. Faz sentido: sentir-se vulnerável dói, não é agradável. É uma exposição, como cortar a pele e revelar a verdade crua escondida debaixo da superfície, por baixo da fachada perfeita que nosso ego construiu e lustrou com tanto afinco.
Mas – e isso é realmente espantoso! – quando nos permitimos ser vulneráveis acontece uma das mais lindas e ternas mágicas que um ser humano pode experimentar: uma conexão profundamente verdadeira!
Depois dessa descoberta busquei criar uma relação estreita com a vulnerabilidade e com a coragem que depende dela. Exercitar a vulnerabilidade envolve escutar o coração, perceber os medos e, em vez de fugir, ficar. Em vez de virar o rosto ou olhar para o chão, sorrir. Em vez de beber mais uma cerveja, olhar nos olhos e começar a conversar. Em vez de ficar quieto, levantar a mão e compartilhar sua ideia. Em vez de manter um diário, publicar o que escreve. E por aí vai. Siga sua intuição de acordo com os sussurros que chegam da sua vulnerabilidade.